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Maioria não identifica os sintomas de um derrame
Sinais são desprezados por 70% dos que sofrem tipo comum de AVC, diz pesquisa
Estudo britânico feito com mais de 90 mil pessoas alerta para a necessidade de reconhecer o problema e buscar atendimento logo
GABRIELA CUPANI
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais de 70% dos pacientes
que sofrem um tipo de AVC
(acidente vascular cerebral)
não reconhecem os sintomas e
30% deles procuram ajuda médica mais de 24 horas depois.
Nos casos de episódios isquêmicos transitórios, os sintomas
são passageiros, mas as consequências podem ser graves, caso não seja feito o socorro imediato, diz o neurologista Eduardo Mutarelli, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
De acordo com os últimos estudos, as chances de evitar ou
minimizar as sequelas de um
derrame isquêmico (quando
ocorre uma obstrução na passagem do sangue) são maiores
se a pessoa procura atendimento em até quatro horas e meia
após o início dos sintomas.
"É parecido com o que acontece no infarto: ao desobstruir
o vaso, reduz-se a morte das células da região. Mas, após esse
período, as sequelas têm mais
chances de se tornarem permanentes", acrescenta o cardiologista Sérgio Timerman, diretor
do Laboratório de Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares do InCor
(Instituto do Coração).
No AVC hemorrágico, outro
tipo de derrame, a intervenção
médica precoce também pode
minimizar danos.
Segundo os autores do estudo, a demora para buscar ajuda
não foi relacionada a diferenças
de sexo, idade, classe social ou
nível educacional. A pesquisa,
britânica, avaliou acidentes
vasculares de mais de 90 mil
pacientes entre 2002 e 2007.
Os resultados acabam de ser
publicados na revista "Stroke".
Serviço de urgência
Pessoas que já tinham sofrido um derrame ou portadores
de arritmias cardíacas procuraram atendimento com mais
pressa. Mas isso não foi observado em pacientes com infarto,
hipertensão ou tabagismo. A
demora em buscar atendimento foi maior nos fins de semana.
Os dados também confirmam
que a grande maioria dos pesquisados foi primeiro ao seu
médico de confiança, quando o
recomendado é correr para um
serviço de urgência.
Os resultados também revelaram que aproximadamente
30% dos derrames que ocorrem após um acidente transitório acontecem antes de o paciente procurar ajuda.
O derrame cerebral é o problema que mais mata no Brasil,
mas também por aqui o desconhecimento de sintomas e necessidade de intervenção rápida é pequeno.
"Acho que o cenário deve ser
pior, porque há vários sintomas
que as pessoas podem não reconhecer", diz Mutarelli. Para
ele, quando os sintomas são
passageiros, a pessoa pode ter a
falsa impressão de que nada
grave está acontecendo.
"Temos uma conscientização muito pífia da população
para o problema. Isso leva a
atrasos na procura por auxílio
médico e inviabiliza um tratamento que pode reverter o quadro", diz Timerman.
Um estudo feito em 2005
com mais de 800 pessoas em
São Paulo, Ribeirão Preto, Fortaleza e Salvador mostrou que
os brasileiros desconhecem até
o nome correto do problema:
foram apontadas 28 denominações para o AVC e somente 15%
souberam dizer o que a sigla
significava. Alguns confundiram com infarto. "No Norte,
chamam mais de trombose. No
Sul, de derrame. Muitos não
souberam nem relacionar que a
causa seria vascular", diz o neurologista Ayrton Massaro, presidente da Sociedade Ibero-Americana de AVC.
Segundo Massaro, ao sentir
os primeiros sintomas, o paciente deve chamar o resgaste.
"Não é para ir ao médico, deve-se buscar o hospital mais próximo e equipado", indica. A própria pessoa, se estiver consciente, ou quem a socorreu deve informar o horário em que
os primeiros sinais surgiram e
quais foram eles.
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