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ANÁLISE
País vai mal no tema, mas preocupação começa a crescer
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Quando o assunto é cuidados paliativos, o Brasil faz
péssima figura. Estudo da revista "The Economist" comparou o tratamento dispensado a pacientes terminais
em 40 países e colocou o Brasil na 38ª posição. Só Índia e
Uganda se saíram pior.
As razões para a má performance são muitas. Os problemas começam nas faculdades de medicina, onde os estudantes são treinados apenas para salvar vidas, não
para proporcionar conforto
aos que estão morrendo.
A falta de familiaridade
com cuidados paliativos faz
com que muitos médicos evitem prescrever analgésicos
opioides, por temer que o
doente fique dependente.
Embora isso seja raro em pacientes terminais, muitos deles acabam padecendo de
dores que seriam evitáveis.
No plano legal, a situação
é pior. Enquanto nos países
desenvolvidos existem normas que garantem a autonomia do paciente, facultando-lhe tomar todas as decisões
sobre o tratamento, por aqui
há um vácuo legislativo. Exceto por uma lei paulista, não
existe o reconhecimento formal de que o paciente tem direito de recusar tratamento.
Dispositivos como os "living will", nos quais o paciente antecipa se quer ou
não ser submetido a procedimentos que prolongam a vida, tão usados em outros países, não têm valor legal aqui.
A boa notícia é que a preocupação com os cuidados paliativos está crescendo, passo que antecede mudanças
de maior envergadura.
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