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Técnica pode evitar repetição de cirurgia
Hospital testa material para troca de válvula pulmonar em crianças, que tem de ser refeita com o tempo
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
Um estudo brasileiro em andamento avalia uma nova técnica de cirurgia cardiovascular
em crianças que, se der certo,
pode evitar que os pacientes
precisem ser reoperados à medida que crescem -que é o que
acontece atualmente.
O procedimento é indicado
para cirurgias de troca da válvula pulmonar, realizadas no
caso de diversas cardiopatias
congênitas, e está sendo testado no hospital Beneficência
Portuguesa, em São Paulo.
Normalmente, essa cirurgia
é feita com um enxerto retirado
do pericárdio (tecido que reveste o coração) bovino, que,
com o tempo, sofre rejeição e
calcifica, além de não crescer
com a criança -daí a necessidade de fazer outras cirurgias,
em geral a cada cinco anos, até
que o paciente entre na adolescência ou na vida adulta.
A nova técnica usa um enxerto de porco, que recebe um tratamento especial, criado em
conjunto por médicos que moram em Belo Horizonte e nos
EUA, para que o organismo não
rejeite esse tecido, o que pode
impedir a calcificação.
"As reoperações são sempre
ruins, pois aumentam os riscos
e os custos. Ainda estamos engatinhando no desenvolvimento de uma prótese eficaz em
crianças, e diversos grupos buscam um enxerto melhor", diz
Gláucio Furlanetto, cirurgião
cardíaco pediátrico responsável pela pesquisa.
Ele afirma que, em cirurgias
com carneiros, os resultados
foram animadores: a prótese
cresceu junto com eles e não
houve calcificação. Há cerca de
um ano e meio, 36 crianças receberam o novo enxerto. Os resultados ainda não são conclusivos, pois são necessários ao
menos cinco anos de seguimento para avaliar se haverá
efeitos positivos em humanos.
A prótese foi liberada pela
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária). Furlanetto estima que 23 mil crianças
precisem passar por cirurgias
cardíacas anualmente no Brasil
e que aproximadamente 15%
delas tenham comprometimento da válvula pulmonar.
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