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Indústria é acusada de criar doença para vender remédio
Saiu no "British Medical Journal': laboratórios inventaram disfunção sexual feminina para lançar Viagra da mulher
Artigo em periódico científico diz que pesquisas em hospitais foram financiadas; empresas se defendem
GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
Análise publicada na última edição do "British Medical Journal" acusa a indústria farmacêutica de ter financiado pesquisas para
transformar falta de desejo
feminino em doença. Objetivo: vender remédios.
O texto de Ray Moynihan,
professor da Universidade de
Newcastle, Austrália, e jornalista de saúde, diz que a
Pfizer financiou cursos em
hospitais dos EUA dizendo
que 63% das mulheres têm
alguma disfunção sexual - e
que testosterona e sildenafila
(componente do Viagra, medicamento produzido pelo
laboratório) seriam úteis para tratar o problema.
No Brasil, em junho, a
Boehringer apresentou o medicamento Flibanserina como promessa para a falta de
desejo entre as mulheres. No
mesmo mês, conselheiros da
FDA (agência reguladora dos
EUA) contestaram a eficácia
do "Viagra feminino".
Para o psiquiatra Sérgio
Campanella, do Hospital das
Clínicas, congressos que
apostem no sucesso definitivo dos remédios só contribuem para a desinformação.
"A libido não é resolvida a
contento pelas substâncias
químicas que a pessoa ingere, mas pela identificação
dos fatores psíquicos que estão por trás dela."
OUTRO LADO
A Pfizer informou que
"sempre se pauta em dados
médicos para falar de doenças que afetam a população"
e que já fez testes com Viagra
para o tratamento de disfunções sexuais femininas, mas
que os estudos da eficácia foram "inconclusivos".
Já a Boehringer disse que
os medicamentos pesquisados e desenvolvidos por ela
"são fundamentados em estudos clínicos precisos e de
acordo com protocolos exigidos pelos órgãos reguladores
nacionais e internacionais".
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