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Brasil nacionaliza teste que detecta Aids em 15 minutos
Tecnologia desenvolvida por laboratório norte-americano
começou a ser transferida ao país em 2004 pela Fiocruz
O método é difundido em
maternidades, para evitar a
transmissão para o filho nos
partos em que a gestante
não fez teste no pré-natal
Rogério Cassimiro/Folha Imagem
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Obelisco do Ibirapuera, com símbolos da campanha contra Aids
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) anunciou ontem a
conclusão do processo de nacionalização de um teste que
permite detectar a presença do
HIV em apenas 15 minutos.
Desenvolvida pelo laboratório norte-americano Chembio,
a tecnologia começou a ser
transferida para o Brasil em
2004 -a Fiocruz poderá, agora,
fabricar o teste, que custará
US$ 2,60 cada um. No preço,
está incluído o pagamento de
royalties para a Chembio. Anteriormente, o governo gastava
US$ 5 por teste.
Segundo o gerente de desenvolvimento de reativos para
diagnóstico da unidade de Bio-Manguinhos, Antonio Gomes
Ferreira, os testes convencionais dependem do envio da
amostra de sangue para um laboratório, o que dificulta o
diagnóstico em locais remotos.
Com o teste agora nacionalizado, uma gota de sangue é suficiente para um diagnóstico
99% eficaz, revelado no local da
coleta em um período de 10 a 15
minutos. No Brasil, o método já
é difundido em maternidades,
para evitar a transmissão de
mãe para filho nos partos em
que a gestante não foi submetida ao teste de HIV no pré-natal.
Agora, o Ministério da Saúde
quer expandir seu uso também
para os CTAs (Centros de Testagem e Aconselhamento em
DST/Aids). Em 2009, serão encaminhados 3,3 milhões de kits
dos testes às unidades de saúde.
Ferreira acredita que a disseminação do produto ajudará no
diagnóstico precoce da doença,
o que aumenta a sobrevida. Para o presidente da Fiocruz,
Paulo Buss, o domínio da tecnologia facilitará o desenvolvimento de testes rápidos para
outras doenças, como a leishmaniose e a leptospirose.
Além disso, a instituição já
está desenvolvendo, com a
Chembio, um teste rápido para
confirmação do diagnóstico do
HIV -a comprovação é necessária nos casos da doença. Se tiver sua eficácia comprovada,
será o primeiro teste confirmatório do mundo a dispensar infra-estrutura laboratorial.
A Fiocruz anunciou também
novidades no desenvolvimento
de anti-retrovirais, usados no
tratamento. No primeiro semestre de 2009, a instituição
começará a fornecer o Efavirenz 600 mg, fruto do primeiro
licenciamento compulsório do
país, e entrará com o pedido de
registro para uma pílula que
combina três princípios ativos.
Além dessas formulações para uso adulto, a unidade de Farmanguinhos trabalhará no desenvolvimento de versões infantis dos dois remédios. A instituição já aguarda o registro do
primeiro anti-retroviral para
crianças do país.
Mais exames
O teste rápido já contribuiu
para que mais pessoas se submetam ao exame do HIV, diz a
diretora do Programa Nacional
de DST e Aids, Mariângela Simão. Segundo ela, o aumento
da oferta desse exame é uma
das explicações para o resultado de um levantamento feito
pelo Ministério da Saúde com
dados de 2008, que mostra que
cerca de 40% da população com
idade entre 15 e 54 anos já fez o
teste anti-HIV pelo menos uma
vez. Em 2004, o índice era de
28%. Os dados foram apresentados ontem pelo ministro da
Saúde, José Gomes Temporão,
no Dia Mundial de Luta contra
a Aids, em Brasília.
Estima-se que cerca de 255
mil pessoas no país estejam infectadas pelo HIV e ainda não
tenham se testado. "O que
preocupa é que a testagem está
muito concentrada ainda nas
grávidas. É preciso expandi-la",
disse Simão.
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