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SUS recebe laser mais preciso para tratar retina
Aparelho será usado sobretudo em pacientes com retinopatia diabética
Laser permite ao médico atuar sobre a retina sem destruir a área ao redor, com diminuição de lesões que levam a perda de visão
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Hospital São Paulo, na capital, recebeu neste mês um
novo aparelho de laser para tratar doenças de retina por meio
de fotocoagulação personalizada -quando o médico consegue programar a aplicação do
laser de acordo com o problema. A compra foi realizada em
parceria com o Instituto da Visão da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo).
Chamado de Pascal (laser de
varredura padrão, na sigla em
inglês), o equipamento é o primeiro na América Latina e está
disponível somente pelo SUS
(Sistema Único de Saúde). Deve ser aplicado para tratar,
principalmente, retinopatia
diabética -doença ocular manifestada por alterações nos vasos sanguíneos que circulam na
região causadas pelo diabetes e
principal causa de cegueira entre pessoas de 25 a 60 anos. É
usado há dois anos em outras
partes do mundo e é considerado um dos melhores tratamentos para esse problema.
Em comparação com os aparelhos de laser disponíveis no
Brasil para tratar problemas
dessa região do olho, o Pascal se
mostra mais preciso e torna o
tratamento mais rápido.
"Esse novo laser é aplicado
de maneira diferente na retina.
Normalmente, a luz queima a
região de maneira descontrolada; nesse caso, é possível aplicá-la em pulsos curtos. Isso permite ao médico atuar sobre a retina sem destruir a área em volta,
com menor difusão do calor e
menos dor", afirma o oftalmologista Rubens Belfort Jr., presidente da Associação Paulista
para o Desenvolvimento da
Medicina e médico do Hospital
São Paulo.
Segundo Belfort, a dor e o incômodo durante o tratamento
podem fazer com que o procedimento convencional seja interrompido, postergando o resultado final. "O indivíduo vem,
sente dor e, às vezes, não conseguimos fazer os dois olhos no
mesmo dia", diz. Em geral, são
necessárias ao menos quatro
sessões de laser convencional
em cada olho para completar o
tratamento contra retinopatia
diabética. Com o novo aparelho, é possível concluir a terapia em até duas sessões.
"O aparelho custa três vezes
mais do que outros [cerca de
US$ 150 mil], mas o custo-benefício compensa. Em 15 minutos, é possível tratar o paciente
sem dor", acrescenta Belfort.
O aparelho deverá ser usado
em mutirões de tratamento de
diabetes ocular organizados
pelo Hospital São Paulo.
"Por ser mais preciso, trata
de uma área toda do olho de
maneira homogênea. É especialmente interessante em
grandes serviços com volumes
grandes de paciente. O tratamento é muito mais rápido e é
possível tratar muito mais gente", compara o oftalmologista
Paulo Augusto de Arruda Mello
Filho, especialista em retina e
vítreo e membro do Conselho
Brasileiro de Oftalmologia.
O acesso ao tratamento com
laser de Pascal é restrito somente a pacientes encaminhados pelo setor de oftalmologia
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O hospital receberá ainda
neste ano outro aparelho semelhante, programado para tratar
glaucoma (doença relacionada
à pressão ocular elevada), também de maneira mais precisa.
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