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Diabetes na gravidez aumenta risco do tipo 2 da doença
Cerca de 7% das grávidas desenvolvem a doença durante a gestação; hormônios bloqueiam a produção de insulina
Revisão de estudos analisou dados publicados entre janeiro de 1960 e janeiro de 2009 envolvendo 675.455 mulheres em todo o mundo
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres que desenvolveram diabetes gestacional têm
risco 7,4 vezes maior de desenvolver diabetes tipo 2 -anos
depois da gravidez- em comparação com aquelas que mantiveram os níveis de glicemia
normais na gestação.
Os dados são de uma revisão
de 20 estudos internacionais
que analisou os números de
pesquisas publicadas entre janeiro de 1960 e janeiro de 2009
envolvendo 675.455 mulheres.
Os resultados foram publicados na revista "Lancet".
De acordo com o endocrinologista Carlos Granato, diretor
do Departamento de Diabetes
Gestacional da SBD (Sociedade
Brasileira de Diabetes), estudos
apontam que cerca de 7% das
grávidas desenvolvem o diabetes no período de gestação.
Por definição, essa situação
só acontece quando o diabetes
se manifesta pela primeira vez
durante a gravidez. O diagnóstico é realizado entre a 24ª e a
28ª semana, quando a placenta
começa a produzir grandes
quantidades de hormônios.
"Se o diagnóstico acontecer
antes disso é porque a mulher
provavelmente já tinha diabetes e não sabia", diz Granato.
Mudanças hormonais
O diabetes acontece durante
a gravidez porque os principais
hormônios produzidos nessa
fase (como o lactogênio placentário) bloqueiam parcialmente
a produção de insulina.
Para a maioria das mulheres,
entretanto, isso não é problema, pois o próprio corpo compensa o desequilíbrio, aumentando a fabricação de insulina.
O ginecologista e obstetra
Marcos Roberto Ymayo, coordenador de Saúde da Mulher do
Hospital Santa Marcelina, diz
que o ideal seria que todas as
gestantes fizessem pelo menos
uma vez por mês o exame de
glicemia de jejum para acompanhar as alterações da glicose.
"Todas as grávidas têm algum grau de resistência insulínica, mas as mulheres com diabetes gestacional apresentam
uma resistência mais exagerada", afirma o médico.
Para o endocrinologista Granato, o diabetes gestacional pode ser considerado a fase mais
precoce do diabetes tipo 2. "A
mulher que não consegue controlar a resistência insulínica
durante a gestação provavelmente tem predisposição a ter
diabetes. Além disso, as características são bem semelhantes", diz Granato.
De acordo com ele, os principais fatores de risco que podem
desencadear uma resistência à
insulina são a mulher ter mais
de 35 anos, ter baixa estatura,
ter sobrepeso ou ser obesa, ter
histórico familiar de diabetes,
já ter tido um outro filho pesando mais de quatro quilos, sofrer
de hipertensão ou ter síndrome
dos ovários policísticos.
Segundo a endocrinologista
Denise Iezzi, do Hospital Sírio-Libanês, a única forma de a mulher que desenvolve o diabetes
na gravidez se proteger do diabetes tipo 2 é adotar uma mudança radical dos hábitos de vida -já que a maioria das mulheres que desenvolve o problema na gravidez se cura e só vai
ter o tipo 2 anos depois.
"O aparecimento do diabetes
tipo 2 é tardio. Para evitá-lo, a
mulher deve controlar os fatores de risco, perder peso, alimentar-se adequadamente,
praticar exercícios e fazer exames de glicemia anualmente."
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