São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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Diabetes na gravidez aumenta risco do tipo 2 da doença

Cerca de 7% das grávidas desenvolvem a doença durante a gestação; hormônios bloqueiam a produção de insulina

Revisão de estudos analisou dados publicados entre janeiro de 1960 e janeiro de 2009 envolvendo 675.455 mulheres em todo o mundo

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mulheres que desenvolveram diabetes gestacional têm risco 7,4 vezes maior de desenvolver diabetes tipo 2 -anos depois da gravidez- em comparação com aquelas que mantiveram os níveis de glicemia normais na gestação.
Os dados são de uma revisão de 20 estudos internacionais que analisou os números de pesquisas publicadas entre janeiro de 1960 e janeiro de 2009 envolvendo 675.455 mulheres. Os resultados foram publicados na revista "Lancet".
De acordo com o endocrinologista Carlos Granato, diretor do Departamento de Diabetes Gestacional da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), estudos apontam que cerca de 7% das grávidas desenvolvem o diabetes no período de gestação.
Por definição, essa situação só acontece quando o diabetes se manifesta pela primeira vez durante a gravidez. O diagnóstico é realizado entre a 24ª e a 28ª semana, quando a placenta começa a produzir grandes quantidades de hormônios.
"Se o diagnóstico acontecer antes disso é porque a mulher provavelmente já tinha diabetes e não sabia", diz Granato.

Mudanças hormonais
O diabetes acontece durante a gravidez porque os principais hormônios produzidos nessa fase (como o lactogênio placentário) bloqueiam parcialmente a produção de insulina.
Para a maioria das mulheres, entretanto, isso não é problema, pois o próprio corpo compensa o desequilíbrio, aumentando a fabricação de insulina.
O ginecologista e obstetra Marcos Roberto Ymayo, coordenador de Saúde da Mulher do Hospital Santa Marcelina, diz que o ideal seria que todas as gestantes fizessem pelo menos uma vez por mês o exame de glicemia de jejum para acompanhar as alterações da glicose.
"Todas as grávidas têm algum grau de resistência insulínica, mas as mulheres com diabetes gestacional apresentam uma resistência mais exagerada", afirma o médico.
Para o endocrinologista Granato, o diabetes gestacional pode ser considerado a fase mais precoce do diabetes tipo 2. "A mulher que não consegue controlar a resistência insulínica durante a gestação provavelmente tem predisposição a ter diabetes. Além disso, as características são bem semelhantes", diz Granato.
De acordo com ele, os principais fatores de risco que podem desencadear uma resistência à insulina são a mulher ter mais de 35 anos, ter baixa estatura, ter sobrepeso ou ser obesa, ter histórico familiar de diabetes, já ter tido um outro filho pesando mais de quatro quilos, sofrer de hipertensão ou ter síndrome dos ovários policísticos.
Segundo a endocrinologista Denise Iezzi, do Hospital Sírio-Libanês, a única forma de a mulher que desenvolve o diabetes na gravidez se proteger do diabetes tipo 2 é adotar uma mudança radical dos hábitos de vida -já que a maioria das mulheres que desenvolve o problema na gravidez se cura e só vai ter o tipo 2 anos depois.
"O aparecimento do diabetes tipo 2 é tardio. Para evitá-lo, a mulher deve controlar os fatores de risco, perder peso, alimentar-se adequadamente, praticar exercícios e fazer exames de glicemia anualmente."


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