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Maioneses têm aditivos prejudiciais, diz Pro Teste
Para entidade, substâncias são potencialmente cancerígenas e elevam colesterol
Segundo toxicologistas, componentes não trazem problema a seres humanos nas quantidades consumidas; empresas dizem cumprir lei
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
A Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) avaliou nove maioneses e
verificou que sete delas possuem um aditivo alimentar que
considera prejudicial à saúde.
Com exceção das versões tradicional e light da marca Liza, as
demais possuem os antioxidantes BHA e BHT, usados para
conservar os alimentos.
As substâncias são adicionadas a produtos que têm gordura, como óleos vegetais, margarinas e molhos para salada.
Segundo a Pro Teste, pesquisas de um comitê ligado à Organização Mundial da Saúde
mostram que o BHA tem efeito
carcinogênico quando consumido em grandes quantidades
e que o BHA e o BHT podem
aumentar os níveis de colesterol e prejudicar a absorção das
vitaminas A e D.
Os estudos foram feitos com
animais, que receberam grande
quantidade dos aditivos, e a lei
brasileira permite que eles sejam adicionados em pequenas
quantidades -respeitadas nas
maioneses testadas.
No entanto, a Pro Teste defende que os consumidores não
devem ser expostos a esses antioxidantes e que eles deveriam
ser trocados por outros, menos
nocivos. "Se a Liza consegue
usar outras substâncias, as outras marcas também deveriam
fazer isso", diz Manuela Dias,
nutricionista da entidade.
Ela afirma que os estudos toxicológicos dessa natureza são
realizados primariamente em
animais e que seus resultados
podem ser extrapolados para
seres humanos.
Dias ressalta que isso não significa que as pessoas devam parar de comer maionese. "A
mensagem não é que quem comer o alimento terá câncer. É
que o aditivo é mais um fator
carcinogênico que, somado a
outros, pode desencadear a
doença a longo prazo. As pessoas estão muito expostas hoje
a diversos aditivos químicos
por causa do maior consumo de
alimentos industrializados",
diz. Segundo ela, há uma recomendação na Europa para que
o BHA e o BHT não sejam usados em alimentos infantis.
Dias lembra, ainda, que, apesar de nem sempre ser calórica,
a maionese é feita à base de gordura. "Ela deve ser consumida
de forma esporádica."
Para Francisco Paumgartten,
toxicologista e professor da Escola Nacional de Saúde Pública,
nem sempre os estudos em animais podem ser extrapolados
para seres humanos, principalmente pelo fato de as doses ministradas serem diferentes das
consumidas no dia a dia.
Elizabeth Nascimento, professora de toxicologia da USP,
diz que, se a Anvisa permite o
uso desses antioxidantes, é porque eles não são nocivos. "A
Anvisa cuidadosamente avalia
o que pode estar presente nos
alimentos. O risco é mínimo."
Ela diz, no entanto, que é melhor evitar a exposição de
crianças a aditivos em geral,
pois elas ainda não têm desenvolvida a capacidade de absorvê-los e transformá-los em produtos mais facilmente eliminados pelo organismo.
Outro lado
A Unilever, detentora das
marcas Hellmann's e Arisco,
afirmou que desconhece a metodologia usada pela Pro Teste
e não pode se posicionar sobre
os resultados.
Informa, ainda, que os produtos atendem às normas vigentes e que o emprego de aditivos justifica-se por razões tecnológicas, sanitárias, nutricionais ou sensoriais.
A Bunge Alimentos, que fabrica as maioneses Soya e Primor, afirma que o BHT e o BHA
são internacionalmente utilizados e que as legislações levam
em conta "estudos científicos
sérios". A empresa diz desconhecer estudos que indiquem
potencial cancerígeno para esses aditivos.
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