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Suspensão de uso de estatinas aumenta risco após infarto
Deixar de tomar o medicamento na fase aguda do ataque cardíaco causa um efeito inflamatório rebote
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisadores brasileiros
descobriram que a suspensão
do uso de estatinas durante a
fase aguda do infarto provoca
um efeito inflamatório rebote
capaz de aumentar em duas ou
três vezes a chance de complicações e, até mesmo, a morte do
paciente. A descoberta, inédita,
foi feita por pesquisadores da
Universidade de Brasília e publicada no periódico científico
"Atherosclerosis".
Por não ser um medicamento usado para tratar o infarto
(apenas para preveni-lo), muitos médicos, ao lidar com a
emergência, suspendem seu
uso. Mas já se suspeitava que,
nesses casos, a retirada do remédio poderia provocar danos.
Estudos americanos, que
acompanharam mais de
150.000 pacientes, já tinham
constatado o aumento da mortalidade em pessoas que deixavam de tomar estatinas logo
após sofrerem um infarto.
Para chegarem ao resultado,
os pesquisadores da UnB analisaram os níveis da proteína C-reativa, um marcador da atividade inflamatória, em grupos
de pacientes.
Durante o infarto, há uma
forte resposta inflamatória do
organismo resultante da lesão
sofrida pelo músculo cardíaco.
Nos pacientes que não tomavam o remédio regularmente, a
intensidade da inflamação aumentou de dez a 12 vezes. Nos
pacientes que eram usuários
regulares de estatinas e pararam de tomá-las na fase aguda
do infarto, a atividade inflamatória aumentou 35 vezes.
Além de diminuir a quantidade de colesterol em circulação, as estatinas têm um efeito
anti-inflamatório. Por isso,
quando o paciente deixa de tomá-las na fase aguda do infarto,
há uma ativação exacerbada de
um mecanismo envolvido na
resposta inflamatória do organismo que estava inibido pela
ação do remédio.
"É importante frisar que não
há nenhum problema em parar
de tomar estatinas se a pessoa
não está tendo um infarto. Esse
efeito rebote só ocorre na fase
aguda da doença", ressalta o
cardiologista Andrei Sposito,
da UnB, um dos líderes do estudo. "Mas, apesar de segura nesses casos, a suspensão do remédio não deve ser feita para que
seja possível prevenir doenças
cardíacas futuras."
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