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Overdose de radiação intoxica centenas de pacientes nos EUA
Tomografia cerebral feita em vários hospitais causou queda de cabelo
WALT BOGDANICH
DO "NEW YORK TIMES"
Quando os cabelos de
Alain Reyes caíram de repente em uma faixa estranha circulando sua cabeça, ele não
foi o único a se preocupar
com sua saúde.
Seus colegas de trabalho
em uma empresa de transportes começaram a evitá-lo
e seu chefe o mandou para
casa, temendo que ele tivesse
uma doença contagiosa.
Foi só mais tarde que Reyes descobriu a causa do problema: recebera uma overdose de radiação durante exame feito em um hospital de
Glendale, Califórnia (EUA),
depois de sofrer um derrame.
Outras centenas de pacientes que passaram pelo
procedimento -uma tomografia computadorizada de
perfusão cerebral, que detecta o derrame pelo fluxo sanguíneo- também receberam
radiação demais.
As overdoses, que começaram a vir à tona no ano
passado, desencadearam
uma investigação da FDA
(agência reguladora de remédios e alimentos nos EUA).
Após dez meses, a agência
ainda não forneceu um relatório final sobre o caso.
Mas uma análise feita pelo
"New York Times" constatou
que as overdoses de radiação
foram mais graves e em número maior do que se sabia
até agora.
Os pacientes relataram
sintomas muito piores que a
queda de cabelos. Segundo
especialistas, eles podem, a
longo prazo, enfrentar riscos
de câncer, problemas nos
olhos e danos cerebrais.
IMPERÍCIA
Em alguns casos, os técnicos não sabiam como realizar
o exame da maneira certa.
Mas entrevistas com diretores hospitalares e uma revisão dos registros públicos levantam dúvidas em relação à
responsabilidade dos fabricantes, incluindo a precisão
com que projetam seus softwares e equipamentos e o
treinamento que oferecem
aos técnicos que os usam.
O "NYT" constatou que as
maiores overdoses ocorreram no Hospital de Huntsville, no Alabama: até 13 vezes
a quantidade de radiação
normalmente usada.
De acordo com a fabricante dos aparelhos, GE Healthcare, os diretores do hospital
disseram que usaram altos
níveis de radiação para obter
imagens mais claras.
Especialistas dizem que isso não se justifica.
Mesmo quando é feita da
forma certa, uma tomografia
computadorizada de perfusão cerebral envolve uma dose grande radiação, equivalente a mais ou menos 200 radiografias cranianas. Mas
não existem critérios rígidos
para determinar quanta radiação é demais.
Tradução de CLARA ALLAIN
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