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Novo método para tratar vitiligo raspa as manchas
Tratamento foi criado por dermatologista da Faculdade de Medicina do ABC
Em metade dos pacientes,
área tratada voltou a ter
pigmentação; resultado foi
melhor em quem tinha a
doença há menos de 15 anos
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um novo tratamento para vitiligo foi desenvolvido na Faculdade de Medicina do ABC.
No método, a região despigmentada é raspada -após três
sessões de curetagem, a pele
volta a escurecer. A técnica foi
avaliada por Jefferson Alfredo
de Barros, professor de dermatologista da instituição, em 16
pessoas, durante seu mestrado.
Ele já está adotando o método
com seus pacientes.
Atualmente, a doença é tratada principalmente por meio de
remédios, fototerapia e cirurgia. No procedimento cirúrgico, a região afetada é raspada e
coberta com um enxerto de pele normal, em um tipo de
"transplante". A hipótese de
Barros era a de que só a curetagem já seria suficiente. Isso
porque, na regeneração da lesão, haveria uma ativação dos
melanócitos -células responsáveis pela liberação da melanina, que dá a coloração da pele.
No estudo, ele constatou que,
em metade dos pacientes, a região tratada voltou a ter pigmentação após três sessões de
curetagem. Em outros casos,
embora não houvesse uma mudança visível na pele, biópsias
mostraram que o número de
melanócitos aumentou. Segundo Barros, com o auxílio de outros métodos, como fototerapia
ou remédios, essas novas células poderiam ficar mais ativas
na produção de melanina.
Para Samuel Henrique Mandelbaum, membro do conselho
decisório da Sociedade Brasileira de Dermatologia, regional
SP, 50% é um bom índice de sucesso, já que os outros tratamentos para o vitiligo obtêm,
em média, 30% de resposta.
Doença estabilizada
Tanto a cirurgia como a curetagem só são indicadas para
quem tem a doença estabilizada. No estudo, Barros também
observou que os melhores resultados foram apresentados
por quem tinha a doença há
menos de 15 anos.
Segundo Cláudia Magro Issa,
professora de dermatologia da
PUC (Pontifícia Universidade
Católica) de Campinas, nos primeiros anos da doença, há uma
diminuição na produção da
melanina, mas os melanócitos
continuam presentes. "Após
dez anos, a quantidade de melanócitos na área diminui."
Para ela, o novo método é interessante por ser fácil, barato e
acessível a qualquer dermatologista. "A amostra de pacientes foi pequena e incluiu tanto
pessoas morenas como outras
mais claras. Com certeza, o método não traz malefícios. Para
saber a proporção de benefício,
seria necessário estudar mais."
Issa ressalta que não há cura
para a doença, já que ninguém
sabe o que a causa. As explicações mais aceitas para seu surgimento são problemas auto-imunes, neurais ou de autocitotoxidade -nesse caso, haveria
uma falha do organismo em
"limpar" os antioxidantes decorrentes da produção de melanina, e essas substâncias acabariam atacando os melanócitos.
Não se sabe por que a curetagem estimula os melanócitos.
Impacto emocional
Segundo médicos, o vitiligo
atinge de 1% a 2% da população.
Embora não cause danos à saúde, a doença tem um forte impacto emocional nos pacientes.
A estudante Camila de Jesus,
22, chegou a fazer terapia
quando as primeiras manchas
surgiram, há quatro anos. "Às
vezes, na praia, alguém olha.
Mas eu não ligo mais. Vi que
precisava ter autoconfiança."
Paciente de Barros, ela fez a
curetagem na barriga -o método foi associado a remédios e
sessões de fototerapia. Segundo ela, após o tratamento, apareceram uma "ilhotas" de pigmentação na barriga. "Não
doeu, foi só incômodo", diz.
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