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Pesquisa contesta papel do ômega 3 na proteção cardíaca
Estudo com 2.500 pacientes avaliados por 4 anos conclui que suplemento não previne doenças cardiovasculares
Consumo de alimentos ricos na substância pode ser mais eficiente que suplementação, afirma especialista
GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
Estudo feito por grupo de
universidades francesas, entre elas a Sorbonne, colocou
em xeque a eficácia do suplemento de ômega 3 contra
problemas cardiovasculares.
Os resultados, publicados
no "British Medical Journal",
basearam-se no acompanhamento, por quatro anos e
meio, de 2.501 pacientes que
tiveram alguma doença cardíaca ou derrame cerebral
nos últimos 12 meses.
Os participantes foram divididos em quatro grupos:
um tomou diariamente o suplemento de ômega 3, outro
consumiu vitamina B, um
terceiro recebeu ambos e o
último só tomou placebo.
O ômega 3 aumentou a
concentração de gorduras
"boas" no sangue dos pacientes, mas não diminuiu
problemas vasculares como
infarto e derrame.
O mesmo foi observado no
consumo de vitamina B, que,
embora tenha diminuído a
presença de homocisteína
(aminocácido que pode causar entupimento das artérias), não alterou a ocorrência de problemas vasculares.
NATURAL, MELHOR
Luiz Antonio Machado César, da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, diz que
não há consenso sobre benefícios do suplemento de ômega 3 no meio médico. "Ele reduz o índice de triglicérides e
impede que plaquetas formem coágulos, mas nunca
houve unanimidade quanto
à sua forma em suplemento."
O cardiologista diz que o
consumo diário do composto
de ômega 3 não faz parte das
recomendações médicas,
exatamente por faltarem provas dos benefícios.
Raul Dias dos Santos, cardiologista do InCor, contesta
as quantidades de ômega 3
(600 miligramas) utilizadas
no estudo: "São mais baixas
do que as empregadas em
outras pesquisas que mostraram a eficácia", diz.
Segundo ele, esses primeiros estudos datam da década
de 1980, quando se observou
baixo índice de doenças cardiovasculares em esquimós,
que se alimentavam de peixes ricos no nutriente.
A partir da década de 90,
muitos produtos como leite,
manteiga, ovos e queijos passaram a ser vendidos com
enriquecimento de ômega 3.
"É uma troca isocalórica",
explica Marcus Bolívar Malachias, presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia: "A gordura saturada
desses alimentos é substituída por ômega 3, saudável".
O consumo de alimentos
que contêm a substância, como peixes de água fria e vegetais, pode ser mais eficiente do que a ingestão da suplementação, afirma o médico.
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