São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2010

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Pesquisa contesta papel do ômega 3 na proteção cardíaca

Estudo com 2.500 pacientes avaliados por 4 anos conclui que suplemento não previne doenças cardiovasculares

Consumo de alimentos ricos na substância pode ser mais eficiente que suplementação, afirma especialista

GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO

Estudo feito por grupo de universidades francesas, entre elas a Sorbonne, colocou em xeque a eficácia do suplemento de ômega 3 contra problemas cardiovasculares.
Os resultados, publicados no "British Medical Journal", basearam-se no acompanhamento, por quatro anos e meio, de 2.501 pacientes que tiveram alguma doença cardíaca ou derrame cerebral nos últimos 12 meses.
Os participantes foram divididos em quatro grupos: um tomou diariamente o suplemento de ômega 3, outro consumiu vitamina B, um terceiro recebeu ambos e o último só tomou placebo.
O ômega 3 aumentou a concentração de gorduras "boas" no sangue dos pacientes, mas não diminuiu problemas vasculares como infarto e derrame.
O mesmo foi observado no consumo de vitamina B, que, embora tenha diminuído a presença de homocisteína (aminocácido que pode causar entupimento das artérias), não alterou a ocorrência de problemas vasculares.

NATURAL, MELHOR
Luiz Antonio Machado César, da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, diz que não há consenso sobre benefícios do suplemento de ômega 3 no meio médico. "Ele reduz o índice de triglicérides e impede que plaquetas formem coágulos, mas nunca houve unanimidade quanto à sua forma em suplemento."
O cardiologista diz que o consumo diário do composto de ômega 3 não faz parte das recomendações médicas, exatamente por faltarem provas dos benefícios.
Raul Dias dos Santos, cardiologista do InCor, contesta as quantidades de ômega 3 (600 miligramas) utilizadas no estudo: "São mais baixas do que as empregadas em outras pesquisas que mostraram a eficácia", diz.
Segundo ele, esses primeiros estudos datam da década de 1980, quando se observou baixo índice de doenças cardiovasculares em esquimós, que se alimentavam de peixes ricos no nutriente.
A partir da década de 90, muitos produtos como leite, manteiga, ovos e queijos passaram a ser vendidos com enriquecimento de ômega 3.
"É uma troca isocalórica", explica Marcus Bolívar Malachias, presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia: "A gordura saturada desses alimentos é substituída por ômega 3, saudável".
O consumo de alimentos que contêm a substância, como peixes de água fria e vegetais, pode ser mais eficiente do que a ingestão da suplementação, afirma o médico.


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