São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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EUA reduz idade para exame de PSA

Associação Americana de Urologia indica teste a partir dos 40 anos; no Brasil, aconselha-se aos 45 anos

O exame é uma decisão individual que pacientes de qualquer faixa etária devem tomar com seu médico; não há padrão aplicável a todos


CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
MAURÍCIO HORTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Associação Americana de Urologia (AUA, na sigla em inglês) reduziu de 50 para 40 anos a idade mínima recomendada para que homens com expectativa de vida de pelo menos mais dez anos façam o exame de PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês), associado ao de toque retal. A homens com mais de 75 anos, não é recomendado, por não representar aumento de sobrevida.
O PSA, polêmico por poder levar a diagnósticos e tratamentos exagerados, serve para identificar precocemente a probabilidade do desenvolvimento de câncer de próstata, que é o tumor que mais mata homens acima de 50 anos.
Segundo José Carlos de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Urologia, no Brasil, o exame já é recomendado para homens de 40 anos que têm mais de um caso em parentes de primeiro grau (pai ou irmão) e para pacientes de 45 anos, caso não os tenham.

Controvérsia
Não há consenso sobre a redução da mortalidade pelo teste em portadores de câncer de próstata. Em março, a revista "New England Journal of Medicine" publicou dois estudos com resultados conflitantes.
Um, americano, concluiu que ele não salva vidas. Já outro, feito em países europeus, diz que existe uma redução de 20% nas mortes. Mas em um ponto os dois estudos concordam: o PSA traz o risco de identificação e tratamento excessivos.
Em alguns pacientes, o câncer de próstata cresce mais rapidamente e pode se espalhar para nódulos linfáticos regionais ou áreas mais distantes, o que diminui a sobrevivência.
Mas, em outros casos, o câncer progride lentamente e permanece localizado na próstata. Se ele não for considerado clinicamente significante, o tratamento poderá ser desnecessário, pois não haverá um aumento na sobrevida que justificaria a redução de qualidade de vida causada pela terapia.
"A AUA endossou o estudo europeu. Há o risco de supertratamento? Há. Porém, o médico tem que avaliar idade, condições do paciente e risco. Tudo tem que ser colocado em jogo para decidir o que fazer -ou não fazer", diz Almeida.
"O teste de câncer de próstata é uma decisão individual que pacientes de qualquer idade devem tomar com seus médicos. Não há nenhum padrão que se aplique a todos os homens", diz Peter Carroll, chefe do painel da AUA que redigiu a declaração, feita durante o congresso americano de urologia, que ocorreu na semana passada.

Novo medicamento
Outra novidade do congresso foi um estudo com 8.000 homens mostrando que uma droga já disponível no Brasil, a dutasterida, para tratamento do crescimento benigno da próstata, também é eficaz para prevenir o câncer nessa glândula.
Segundo o urologista Miguel Srougi, professor titular da USP, o uso de remédios para esse fim é controverso. A finasterida (para queda de cabelo), por exemplo, pode reduzir as chances de câncer de próstata, mas, ao mesmo tempo, está associada a uma possibilidade maior de tumores mais agressivos.
Outras duas substâncias até então consideradas redutoras do risco de câncer de próstata também foram reprovadas em estudos recentes: a vitamina E e o selênio. A vitamina E aumentou a probabilidade de doenças cardiovasculares, e o selênio, a de diabetes nos homens que já eram propensos.
No caso da dutasterida, estudo mostrou queda de 23% nas chances de câncer. "De cada cem homens, 23 foram poupados do câncer. É a primeira droga que se mostra efetiva na prevenção sem causar efeitos colaterais", diz Srougi.



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