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EUA reduz idade para exame de PSA
Associação Americana de Urologia indica teste a partir dos 40 anos; no Brasil, aconselha-se aos 45 anos
O exame é uma decisão individual que pacientes de qualquer faixa etária devem tomar com seu médico; não há padrão aplicável a todos
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
MAURÍCIO HORTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Associação Americana de
Urologia (AUA, na sigla em inglês) reduziu de 50 para 40
anos a idade mínima recomendada para que homens com expectativa de vida de pelo menos
mais dez anos façam o exame
de PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês), associado ao de toque retal. A homens com mais de 75 anos, não
é recomendado, por não representar aumento de sobrevida.
O PSA, polêmico por poder
levar a diagnósticos e tratamentos exagerados, serve para
identificar precocemente a
probabilidade do desenvolvimento de câncer de próstata,
que é o tumor que mais mata
homens acima de 50 anos.
Segundo José Carlos de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Urologia, no
Brasil, o exame já é recomendado para homens de 40 anos que
têm mais de um caso em parentes de primeiro grau (pai ou irmão) e para pacientes de 45
anos, caso não os tenham.
Controvérsia
Não há consenso sobre a redução da mortalidade pelo teste em portadores de câncer de
próstata. Em março, a revista
"New England Journal of Medicine" publicou dois estudos
com resultados conflitantes.
Um, americano, concluiu que
ele não salva vidas. Já outro,
feito em países europeus, diz
que existe uma redução de 20%
nas mortes. Mas em um ponto
os dois estudos concordam: o
PSA traz o risco de identificação e tratamento excessivos.
Em alguns pacientes, o câncer de próstata cresce mais rapidamente e pode se espalhar
para nódulos linfáticos regionais ou áreas mais distantes, o
que diminui a sobrevivência.
Mas, em outros casos, o câncer progride lentamente e permanece localizado na próstata.
Se ele não for considerado clinicamente significante, o tratamento poderá ser desnecessário, pois não haverá um aumento na sobrevida que justificaria
a redução de qualidade de vida
causada pela terapia.
"A AUA endossou o estudo
europeu. Há o risco de supertratamento? Há. Porém, o médico tem que avaliar idade, condições do paciente e risco. Tudo
tem que ser colocado em jogo
para decidir o que fazer -ou
não fazer", diz Almeida.
"O teste de câncer de próstata é uma decisão individual que
pacientes de qualquer idade devem tomar com seus médicos.
Não há nenhum padrão que se
aplique a todos os homens", diz
Peter Carroll, chefe do painel
da AUA que redigiu a declaração, feita durante o congresso
americano de urologia, que
ocorreu na semana passada.
Novo medicamento
Outra novidade do congresso
foi um estudo com 8.000 homens mostrando que uma droga já disponível no Brasil, a dutasterida, para tratamento do
crescimento benigno da próstata, também é eficaz para prevenir o câncer nessa glândula.
Segundo o urologista Miguel
Srougi, professor titular da
USP, o uso de remédios para esse fim é controverso. A finasterida (para queda de cabelo), por
exemplo, pode reduzir as chances de câncer de próstata, mas,
ao mesmo tempo, está associada a uma possibilidade maior
de tumores mais agressivos.
Outras duas substâncias até
então consideradas redutoras
do risco de câncer de próstata
também foram reprovadas em
estudos recentes: a vitamina E
e o selênio. A vitamina E aumentou a probabilidade de
doenças cardiovasculares, e o
selênio, a de diabetes nos homens que já eram propensos.
No caso da dutasterida, estudo mostrou queda de 23% nas
chances de câncer. "De cada
cem homens, 23 foram poupados do câncer. É a primeira droga que se mostra efetiva na prevenção sem causar efeitos colaterais", diz Srougi.
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