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Luz do computador pode causar mancha na pele, diz pesquisa
Revisão de estudos revela que luz visível, também presente na radiação solar, produz radicais livres que alteram a pele
Para médicos, pessoas que
fazem tratamentos de pele ou que têm doenças como o lúpus devem se proteger usando filtros bloqueadores
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A luz do computador ou de
lâmpadas fluorescentes pode
manchar a pele. Chamada luz
visível, esse tipo de radiação,
que também é emitida pelo sol,
causa alterações no DNA da pele, assim como os raios ultravioleta (UVA e UVB).
A conclusão é de uma revisão
de estudos publicada na revista
"Photochemistry and Photobiology". O assunto foi tema do
último simpósio da Sociedade
Brasileira de Dermatologia.
Embora a exposição à luz visível de ambientes fechados seja muito menos prejudicial do
que se expor à luz solar -oito
horas de luz artificial equivalem a 1 minuto e 20 segundos
de exposição solar em um dia
claro de verão-, os especialistas afirmam que pessoas que
estão sob tratamentos de pele
(como peeling e laser) ou que
têm doenças desencadeadas
pelo sol (como o lúpus) devem
se proteger contra a luz visível.
A maioria dos protetores solares no mercado protege apenas contra os raios ultravioleta.
A luz visível só pode ser bloqueada com filtros solares físicos (bases, por exemplo).
"As pessoas costumam se
preocupar com os raios UVA e
UVB, mas ninguém se preocupa com a luz visível. Esses novos trabalhos explicam a razão
pela qual muitas pessoas apresentam melasmas [manchas
acastanhadas na pele] mesmo
usando protetor solar", afirma
o dermatologista Sérgio Schalka, membro da diretoria da regional paulista da Sociedade
Brasileira de Dermatologia.
Segundo Schalka, a luz visível
é capaz de produzir radicais livres, que provocam alterações
nas células, principalmente,
nos melanócitos (células da
pigmentação) e nos fibroblastos (produtores de colágeno).
Dados internacionais mostram que 67% da produção de
radicais livres gerados pelo sol
vêm do UVA e 33% da luz visível. "A radiação UVA e a luz visível são agentes "enferrujadores" da pele, levando ao envelhecimento e a manchas a longo prazo", diz Schalka.
Na opinião da dermatologista Marcella Delcourt, o único
tipo de produto que bloqueia o
efeito da luz visível na pele são
os filtros físicos, que refletem e
dispersam a energia da luz,
construindo uma barreira física às radiações solares.
"Pode ser uma base ou aquele
filtro mais grossinho [que deixa
branco], que tem partículas de
zinco e funciona como um filme protetor que impede que a
radiação ultrapasse a pele."
Para o dermatologista Marcus Maia, professor da Santa
Casa de São Paulo, a luz visível
é um fator de preocupação apenas para pessoas portadoras de
doenças que podem ser desencadeadas pela exposição solar,
como o lúpus eritematoso
(doença inflamatória autoimune) e a urticária solar. Não há
evidência de nenhuma relação
com surgimento de câncer.
"Não há razão para pânico. A
luz visível não oferece perigo.
Nossa preocupação continua
sendo a radiação ultravioleta e
o fato de a maioria das pessoas
não conseguirem se proteger
corretamente, usando o filtro
solar de maneira adequada."
Proteção
Segundo o dermatologista
Sérgio Schalka, que defendeu
uma dissertação de mestrado
na USP sobre proteção solar, o
ideal seria que as pessoas usassem 2 mg/cm2 de protetor, ou
35 a 40 gramas (uma xícara de
café) no corpo todo.
Mas, na prática, a quantidade
aplicada no corpo varia entre
0,39 mg/cm2 e 1,3 mg/cm2
-uma colher de sopa.
"De uma forma genérica podemos dizer que, se temos no
rótulo um FPS de 30 a partir de
uma aplicação de 2 mg/cm2,
nas condições reais, com uma
quantidade menor, temos um
FPS de 12 a 15."
Schalka diz que dificilmente
as pessoas usam os 2 mg/cm2
recomendados, seja em razão
do custo seja pela sensação de
pele "lambuzada". "O ideal é
que se use pelo menos de 1 a 1,5
mg/cm2. O que não podemos
aceitar é uma quantidade inferior a essa. Precisamos assumir
que, por não passar os 2 mg,
não teremos aquele FPS apresentado no rótulo, mas, talvez,
algo como a metade dele."
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