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Estudo não mostra relação entre gordura saturada e risco cardíaco
Metanálise considerou dados de 21 trabalhos envolvendo 348 mil pessoas
JULLIANE SILVEIRA
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma metanálise de 21 estudos, que incluíram ao todo 348
mil adultos, não encontrou
uma relação direta entre consumo de gordura saturada e risco de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame. O
trabalho foi publicado no periódico "American Journal of
Clinical Nutrition".
Os participantes foram questionados sobre seus hábitos alimentares e acompanhados por
um período de cinco a 23 anos
-dependendo da pesquisa.
Nesse intervalo, 11 mil sofreram um evento cardiovascular.
Os resultados não apontaram diferença no risco de doenças cardiovasculares entre as
pessoas com o menor e o maior
consumo de gordura saturada.
A análise incluiu estudos epidemiológicos, nos quais os participantes foram questionados
sobre sua dieta e acompanhados para verificação de problemas cardiovasculares. O método tem algumas limitações, como o fato de depender da lembrança dos participantes sobre
os seus hábitos alimentares.
Outra limitação é a heterogeneidade dos participantes dos
estudos, alega o cardiologista
Raul Dias dos Santos, diretor
do setor de lípides do InCor
(Instituto do Coração), em SP.
Para o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, a gordura saturada é somente um fator de
risco entre vários. "Um só fator
não representa mais risco", diz.
Na mesma linha, os autores
da pesquisa também dizem que
o peso do estilo de vida e da
qualidade da alimentação é
maior do que o consumo isolado de gorduras saturadas.
"A substituição da gordura
saturada por mono ou poli-insaturada reduz o colesterol
"ruim". No entanto, se essa gordura for substituída por consumo excessivo de carboidratos,
especialmente dos refinados,
poderá exacerbar dislipidemias
aterogênicas [que causam placas nas artérias], com aumento
de triglicerídeos e de LDL",
acrescentam os pesquisadores.
Segundo Santos, há diversos
estudos que demonstram que o
excesso de gordura saturada
eleva o colesterol sanguíneo e
outros que mostram que o colesterol aumentado está relacionado a maior risco de problemas cardiovasculares.
"O estudo pode até colocar
em dúvida se o consumo aumentaria o risco. Mas uma das
maiores verdades na cardiologia é a relação entre o colesterol
e o risco de desfechos cardiovasculares. O trabalho não muda as recomendações de ingerir
essa gordura com parcimônia",
afirma Santos.
A American Heart Association sugere que adultos não
consumam mais que 7% de
suas calorias na forma de gordura saturada -ou até 16 g para
uma dieta de 2.000 calorias.
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