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Sete refrigerantes têm substância cancerígena
Teste avaliou a presença de benzeno em 24 bebidas; em duas delas, nível é alto
Associação verificou ainda a presença de adoçantes não declarados em um rótulo e corantes ligados a alergia e hiperatividade em crianças
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma pesquisa com 24 refrigerantes, a Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor verificou que 7
têm benzeno, substância potencialmente cancerígena.
O benzeno surge da reação de
um conservante, o benzoato de
sódio, com a vitamina C. Como
não há regra para a quantidade
do composto em refrigerantes,
usou-se o limite para água potável: 5 microgramas por litro.
Os casos mais preocupantes
foram o da Sukita Zero, que tinha 20 microgramas, e o da
Fanta Light, com 7,5 microgramas. Os outros cinco produtos
estavam abaixo desse limite.
Fernanda Ribeiro, técnica da
Pro Teste, diz que é difícil estudar a relação direta entre o benzeno e o câncer em humanos,
mas que já se sabe que a substância tem alto potencial carcinogênico e que, se consumida
regularmente, pode favorecer
tumores. "Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde),
não há limite seguro para ingestão dessa substância", diz.
A química Arline Abel Arcuri,
pesquisadora da Fundacentro
(Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) e integrante
da Comissão Nacional Permanente do Benzeno, diz que o
composto vem sendo relacionado especialmente a leucemias e, mais recentemente,
também ao linfoma.
O fato de entrar em contato
com o benzeno não significa
necessariamente que a pessoa
vá ter câncer -há organismos
mais e menos suscetíveis. "Mas
não somos um tubo de ensaio
para saber se resistimos ou não,
e não há limites seguros de tolerância. O ideal, então, é não
consumir", diz Arcuri.
O benzeno está presente no
ambiente, decorrente principalmente da fumaça do cigarro
e da queima de combustível. Na
indústria, é matéria-prima de
produtos como detergente,
borracha sintética e náilon.
Nesse caso, não contamina o
consumidor por se transformar
em outros compostos. A principal preocupação é proteger o
trabalhador da indústria.
O efeito do benzeno é lento,
mas, quanto maior o tempo de
exposição e a quantidade do
composto, maior a probabilidade de desenvolver o tumor.
Adoçantes e corantes
A pesquisa da Pro Teste encontrou, ainda, adoçantes na
versão tradicional do Grapette,
não informados no rótulo. O
problema é maior no caso de
crianças, que devem ingerir
menos adoçantes.
Foram reprovados outros
seis produtos que tinham os corantes amarelo crepúsculo
-que, segundo estudos, favorece a hiperatividade infantil- e
amarelo tartrazina -com alto
potencial alergênico. "O amarelo crepúsculo já foi proibido
na Europa. E muitas crianças
têm alergia a alguns alimentos
e, depois, descobre-se que o
problema é o amarelo tartrazina", diz Ribeiro.
Os corantes são aprovados
no Brasil, mas, para a Pro Teste,
as empresas deveriam substituí-los por outros que não sejam problemáticos, assim como no caso do ácido benzoico.
"É um problema fácil de ser resolvido", diz Ribeiro.
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