São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009

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Plantão Médico

O perigo da propaganda de remédios

JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

A propaganda é uma das formas mais conhecidas para divulgar uma informação.
No caso das que são relacionadas à saúde, existem normas a serem cumpridas para evitar graves riscos à saúde da população.
Estudos mostram que de 90% a 100% da publicidade exibida no Brasil contém irregularidades na propaganda de medicamentos, como afirma Álvaro César Nascimento, da Escola Nacional de Saúde Publica Sérgio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz, na revista "Ciência e Saúde Coletiva".
Apesar de ser obrigatória a exibição das contraindicações do remédio em sua propaganda, Nascimento assinala que ela é apenas substituída pela frase "contraindicado para as pessoas com hipersensibilidade aos componentes da fórmula".
Como a publicidade é dirigida para o nome fantasia do medicamento, e a maioria das pessoas não conhece o princípio ativo de drogas que possam lhe fazer mal, podem surgir graves problemas.
Da mesma forma, a frase "a persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado" estimula a automedicação, já que sugere a procura de atenção médica se não houver melhora após o uso do medicamento.
Dessa forma, afirma Nascimento, o modelo brasileiro regulador da propaganda farmacêutica, a RDC 102/ 2000 da Anvisa, serve apenas para dar a aparência de uma regulação que, na prática, não existe, já que a ação reguladora é realizada após a veiculação da peça publicitária. A população, que já foi motivada pela publicidade, poderá consumir um remédio inadequado à sua saúde.
O autor assinala ainda que as multas podem ser consideradas irrisórias em relação aos gastos efetuados com a propaganda.
Concluindo, Nascimento sugere alteração na estrutura do atual modelo de controle e um debate relacionado à aprovação prévia das peças publicitárias pelo sistema de vigilância, para prevenir riscos à saúde.

julio@uol.com.br


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