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Bebidas isotônicas podem prejudicar esmalte dos dentes
Pesquisa mostra que a ingestão desses líquidos causa erosão, aumenta sensibilidade e deixa sorriso opaco
Vigilância Sanitária recomenda que apenas atletas consumam os produtos, e orientados por um especialista
JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
Quem toma isotônicos
com frequência corre sério
risco de ter erosão dental. Essas bebidas são tão ou mais
ácidas do que refrigerantes.
Uma pesquisa recente da
UEPB (Universidade Estadual da Paraíba) em parceria
com a UFPB (Universidade
Federal da Paraíba) analisou
em laboratório a perda mineral em dentes humanos após
a exposição a esses produtos.
O estudo comparou alguns tipos de Gatorade com
água destilada. "Concluímos
que essas bebidas são muito
erosivas. Atletas e consumidores não têm consciência
disso", afirma Alessandro
Cavalcanti, dentista, professor da UEPB.
Todos os líquidos e alimentos com pH abaixo de 5,5
podem ser nocivos para o esmalte dental.
Depois que esses líquidos
são ingeridos, a saliva tem a
função de neutralizar o processo de desmineralização.
Mas, quando o consumo é
contínuo, a neutralização
não acontece.
"Quando consumimos em
pequenas quantidades e intervalos pequenos, a saliva
não dá conta de reverter o
processo. Enquanto o pH fica
inferior a 5,5, os dentes estão
perdendo cálcio e fosfato",
diz Marcelo Bönecker, dentista e professor da USP.
Esse é o problema dos isotônicos, segundo a dentista
Sheyla Auad, especialista em
erosão dental.
"Muitas bebidas são ácidas, mas a forma de consumo do isotônico é diferente.
São bebidas tomadas muitas
vezes durante a prática esportiva. Ninguém consome
de uma vez só", diz.
A médio prazo, a ingestão
de isotônicos causa a opacidade do esmalte e maior sensibilidade dental.
"No início, não é visível. A
pessoa começa a sentir quando a lesão atinge a dentina
(camada mais interna). Se o
desgaste continuar, os dentes podem ficar menores e a
pessoa ter alteração na mordida", afirma Auad.
Outro problema é que muitas dessas bebidas têm carboidratos e açúcares. "Nesse
caso, junta o risco de dois tipos de lesão: a cárie e a erosão. São dois problemas sérios. A erosão ainda é pouco
conhecida", diz Bönecker.
A recomendação da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) é que isotônicos sejam consumidos só
por atletas e com orientação
de um especialista.
As embalagens dos produtos devem trazer um alerta
quanto ao consumo específico, mas a agência não diz nada sobre a acidez da bebida.
FABRICANTE
Segundo a Gatorade, "um
estudo publicado em 2002 no
"Journal Caries Research"
com mais de 300 atletas da
Ohio State University não demonstrou ligações entre o
uso de bebidas esportivas e a
erosão dentária."
Para o médico fisiologista
Paulo Zogaib, da Unifesp,
não é preciso parar de consumir isotônicos, essenciais para repor sais minerais durante a prática de um exercício
com grande gasto energético.
"Uma saída para evitar a
corrosão é alternar o consumo da bebida com água."
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