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Com redução de verbas, centro para autistas entra em crise
Referência internacional, instituição de Fortaleza está perdendo terapeutas
LUIZ FERNANDO VIANNA
EM FORTALEZA
Referência internacional no
atendimento a autistas, a Casa
da Esperança vive uma grave
crise por causa da redução do
repasse de verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) determinada pela prefeita de Fortaleza,
Luizianne Lins (PT).
Estão atrasados os salários
dos 150 funcionários (há três
meses), os depósitos no Fundo
de Garantia e as contribuições
ao INSS. A instituição, que já
perdeu dez terapeutas e 30 assistentes, calcula em R$ 1 milhão o débito da prefeitura.
Na última quarta-feira, uma
comissão de pais e profissionais passou seis horas na Secretaria Municipal de Saúde à espera de uma resposta sobre o
pagamento de R$ 369.591,14,
soma dos valores retidos de janeiro a maio deste ano. A resposta não veio.
No dia seguinte, a secretaria
empenhou o pagamento de R$
128 mil referentes a maio, e informou que na próxima semana repassará a verba de setembro. A folha chega a R$ 200 mil.
A Casa atende 350 pessoas,
de dois a 40 anos, alguns com
sérios comprometimentos intelectuais, de comportamento
e interação social. Foi fundada
em 1993 e está com uma fila de
espera de 500 casos.
À Folha, o secretário Alexandre Mont'Alverne afirmou que
não reconhece a dívida integralmente, pois as planilhas da
prefeitura não confirmam todos os procedimentos registrados pela instituição. Disse
aguardar para este mês um relatório final dos auditores para
saber quanto terá de pagar.
Ele ressaltou que tem R$ 28
milhões mensais do SUS para o
atendimento especializado, e
acha excessivo o repasse de R$
200 mil para uma só entidade.
"O serviço [da Casa] é tão
bom que pessoas se mudam para cá. É uma sobrecarga para
Fortaleza. O teto do município
não prevê esse crescimento",
lamentou o secretário, que tem
um irmão com paralisia cerebral, atendido na rede privada.
Mont'Alverne propõe um
novo tipo de convênio, no qual
o pagamento seria feito por
aluno, e não por procedimentos (consultas com psicólogos,
fonoaudiólogos etc.), facilitando a fiscalização, a seu ver.
A diretora da Casa, Fátima
Dourado, vê o pagamento por
aluno como retrocesso. É esse
modelo, segundo ela, que leva
as instituições a fazerem atendimentos ambulatoriais, breves, enquanto um autista precisa de um trabalho contínuo e
envolvendo muitas terapias.
Para captar recursos privados, a Casa precisa de certidões
negativas, o que não é possível
com o atraso no pagamento.
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