São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

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Bactérias criam resistência a medicamentos

DA REPORTAGEM LOCAL

A venda e o uso indiscriminados de antibióticos são apontados como a principal causa da resistência bacteriana.
No Brasil, os médicos observam uma maior resistência do pneumococo (principal agente causador de pneumonias fora do hospital), do gonococo (que causa gonorreia) e do haemophilus (bactérias que provocam otite, sinusite, pneumonias) a determinados antibióticos.
"O uso do antibiótico errado, na dose errada e pelo tempo errado são fatores que intensificam a resistência", explica o infectologista Artur Timerman, dos hospitais Albert Einstein, Heliópolis e Edmundo Vasconcellos.
Segundo ele, é muito comum os infectologistas receberem pacientes que compraram antibióticos sem prescrição.
"A gente sabe que tem muito BO [bônus a farmacêuticos e atendentes para indicar determinado remédio] envolvendo antibiótico. Tem gente que indica ciprofloxacino [para infecções das vias aéreas, urinárias e renais] até para infecção de pele, e não há indicação nenhuma para isso. É o mais inadequadamente prescrito."
Além da resistência bacteriana, a prática prejudica a investigação do agente causador da infecção, diz Timerman. "O uso anterior do antibiótico altera o resultado de exames."
E o problema não se restringe aos antibióticos sem prescrição. "A classe médica está muito mal treinada." Segundo ele, 80% dos pacientes que chegam ao Edmundo Vasconcellos receberam prescrição inadequada.


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