São Paulo, sábado, 06 de março de 2010

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Aparelho "lembra" pessoa de piscar e diminui olho seco

Desenvolvido no Brasil e testado por médicos da Unifesp, Pisc emite luzes, sons ou vibrações 15 vezes por minuto

Dispositivo pode ser útil para quem fica muito tempo no computador ou utiliza lente, situações em que se pisca menos que o normal


FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO

Criado no Brasil, um dispositivo simples ajuda a aumentar o número de vezes em que a pessoa pisca, prevenindo e contribuindo para aliviar quadros de olho seco -comuns em quem fica muito tempo no computador ou em lugares com ar condicionado, por exemplo.
O aparelho chama-se Pisc e emite luzes, sons ou vibrações 15 vezes por minuto que "lembram" a pessoa de piscar. Ele vem sendo testado na Unifesp com 20 pessoas com olho seco e 20 sem a síndrome. Resultados preliminares mostram que, com a introdução do aparelho no trabalho com o computador, houve aumento na frequência das piscadas e melhora nos parâmetros clínicos testados. "O computador requer uma atenção ativa. O usuário precisa ficar com o olho vidrado, aberto, e pisca menos", explica o oftalmologista José Álvaro Pereira Gomes, professor da Unifesp.
Quando a pessoa pisca pouco, a lágrima evapora rápido e podem aparecer alterações na córnea, como inflamações.
Cléber Godinho, oftalmologista mineiro que criou o Pisc, diz que sua primeira ideia foi melhorar a adaptação às lentes de contato. "Quem usa lente pisca menos, e esse é um motivo pelo qual muita gente não se adapta ao seu uso", afirma.
Ele diz que o aparelho pode ajudar a tirar o sono de motoristas e pilotos de avião. "Quando a pessoa que dirige à noite pisca mal, a chance de dormir ao volante é maior." Godinho estudou o tema por cinco anos e diz desconhecer outro aparelho similar no mundo.
"É a primeira iniciativa para pessoas com olho seco que não se baseia apenas em pingar colírio. É como um tratamento fisiológico", diz Mauro Campos, oftalmologista da Unifesp.
Os participantes do estudo da universidade tinham que ler um texto no computador, com e sem o Pisc, por dez minutos. A frequência com que piscavam era monitorada por uma webcam. Eles também passaram por exames oftalmológicos.
Houve aumento no número de piscadas e melhora nos exames. "Mesmo com um tempo curto, de dez minutos, conseguimos um resultado significativo, principalmente no grupo de pessoas com olho seco", diz Gomes, que relata que, com o tempo, as pessoas acabam automatizando o maior número de piscadas mesmo sem estarem submetidas ao aparelho.
A professora Adriana Amatruda, 37, que tem síndrome do olho seco desde os 17 anos e vive no computador e no ar condicionado, testou o Pisc. "Rapidamente já comecei a piscar mais. Aquela luz fazia com que meu olho piscasse junto."


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