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Aparelho "lembra" pessoa de piscar e diminui olho seco
Desenvolvido no Brasil e testado por médicos da Unifesp, Pisc emite luzes, sons ou vibrações 15 vezes por minuto
Dispositivo pode ser útil para quem fica muito tempo no computador ou utiliza lente, situações em que se pisca menos que o normal
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
Criado no Brasil, um dispositivo simples ajuda a aumentar o
número de vezes em que a pessoa pisca, prevenindo e contribuindo para aliviar quadros de
olho seco -comuns em quem
fica muito tempo no computador ou em lugares com ar condicionado, por exemplo.
O aparelho chama-se Pisc e
emite luzes, sons ou vibrações
15 vezes por minuto que "lembram" a pessoa de piscar. Ele
vem sendo testado na Unifesp
com 20 pessoas com olho seco e
20 sem a síndrome. Resultados
preliminares mostram que,
com a introdução do aparelho
no trabalho com o computador,
houve aumento na frequência
das piscadas e melhora nos parâmetros clínicos testados. "O
computador requer uma atenção ativa. O usuário precisa ficar com o olho vidrado, aberto,
e pisca menos", explica o oftalmologista José Álvaro Pereira
Gomes, professor da Unifesp.
Quando a pessoa pisca pouco, a lágrima evapora rápido e
podem aparecer alterações na
córnea, como inflamações.
Cléber Godinho, oftalmologista mineiro que criou o Pisc,
diz que sua primeira ideia foi
melhorar a adaptação às lentes
de contato. "Quem usa lente
pisca menos, e esse é um motivo pelo qual muita gente não se
adapta ao seu uso", afirma.
Ele diz que o aparelho pode
ajudar a tirar o sono de motoristas e pilotos de avião. "Quando a pessoa que dirige à noite
pisca mal, a chance de dormir
ao volante é maior." Godinho
estudou o tema por cinco anos
e diz desconhecer outro aparelho similar no mundo.
"É a primeira iniciativa para
pessoas com olho seco que não
se baseia apenas em pingar colírio. É como um tratamento fisiológico", diz Mauro Campos,
oftalmologista da Unifesp.
Os participantes do estudo
da universidade tinham que ler
um texto no computador, com
e sem o Pisc, por dez minutos. A
frequência com que piscavam
era monitorada por uma webcam. Eles também passaram
por exames oftalmológicos.
Houve aumento no número
de piscadas e melhora nos exames. "Mesmo com um tempo
curto, de dez minutos, conseguimos um resultado significativo, principalmente no grupo
de pessoas com olho seco", diz
Gomes, que relata que, com o
tempo, as pessoas acabam automatizando o maior número
de piscadas mesmo sem estarem submetidas ao aparelho.
A professora Adriana Amatruda, 37, que tem síndrome do
olho seco desde os 17 anos e vive no computador e no ar condicionado, testou o Pisc. "Rapidamente já comecei a piscar
mais. Aquela luz fazia com que
meu olho piscasse junto."
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