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Meninas muito magras têm maior risco de osteoporose
Pesquisa britânica relaciona gordura corporal a uma melhor formação óssea
Estudos recentes mostram que o cérebro controla a modelação dos ossos com substâncias produzidas pelo tecido gorduroso do corpo
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A gordura corporal tem um
papel importante na formação
óssea durante a adolescência,
especialmente nas meninas,
mostrou um estudo que avaliou
4.000 adolescentes com idade
média de 15 anos. O trabalho
será publicado na edição de fevereiro do "Journal of Clinical
Endocrinology & Metabolism".
Os pesquisadores avaliaram
a qualidade óssea dos voluntários e os níveis de massa magra
e gorda. E constataram que
aqueles que apresentavam
muito pouco tecido adiposo tinham ossos mais finos, o que
aumentaria as chances de desenvolver osteoporose no futuro. Sabe-se que ossos grandes
são mais resistentes do que
aqueles com diâmetros menores, mesmo que a densidade óssea seja semelhante.
"O que ocorre quando a gordura corporal é muito reduzida,
por exemplo ao fazer dietas em
excesso, é que o adolescente terá efeitos adversos no desenvolvimento do esqueleto, especialmente em meninas, nas
quais a relação foi mais forte",
disse à Folha Jonathan Tobias,
do Departamento de Reumatologia da Universidade de Bristol (Reino Unido) e responsável pelo estudo.
Após a adolescência, entre
20 e 30 anos, ocorre o chamado
pico de massa óssea -momento em que os ossos atingem o
maior tamanho e espessura na
vida. Passada essa idade, começam a ocorrer perdas e é essa
reserva que ajudará a prevenir
a osteoporose no futuro.
"Cada vez mais a medicina se
dedica a tratar osteoporose e
cada vez mais há pessoas com a
doença. É um contrassenso, e o
erro é que tratamos o idoso
quando deveríamos estar tratando a criança e o adolescente.
Para a pessoa ter um bom esqueleto, é preciso formar ossos
de qualidade nessa faixa etária", afirma o ortopedista Márcio Passini, presidente do Comitê Nacional de Osteoporose
da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.
Peso e osteoporose
A relação entre baixo peso e
maior risco de osteoporose já é
conhecida -o peso corporal
adequado, formado por um
equilíbrio entre massa magra
(músculos) e gorda, também
estimula o desenvolvimento do
esqueleto e a remodelação óssea (renovação dos ossos).
"O destaque nesse estudo é
mostrar que, para as meninas,
ter massa gorda, dentro da faixa
de normalidade, é importante.
Estudos novos mostram que o
cérebro também controla a formação dos ossos por meio de
substâncias provavelmente
produzidas pelo tecido gorduroso", diz a endocrinologista
Marise Castro, chefe do Departamento de Doenças Osteometabólicas da Unifesp e presidente da Sociedade Brasileira
de Endocrinologia e Metabologia -regional São Paulo.
O indicado é manter um IMC
(índice de massa corporal) entre 20 e 25 kg/m2. O número é
medido pela divisão do peso
em quilogramas pela altura ao
quadrado. "Pessoas com IMC
abaixo de 20 kg/m2 têm oito vezes mais chance de sofrer de
osteoporose do que quem tem
IMC de 27,5 kg/m2", diz.
Na adolescência, também é
crucial o consumo de laticínios
-fontes de cálcio- e de proteínas, que também ajudam na
formação dos ossos, além da
prática frequente de exercícios.
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