São Paulo, quinta-feira, 07 de janeiro de 2010

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Meninas muito magras têm maior risco de osteoporose

Pesquisa britânica relaciona gordura corporal a uma melhor formação óssea

Estudos recentes mostram que o cérebro controla a modelação dos ossos com substâncias produzidas pelo tecido gorduroso do corpo


JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A gordura corporal tem um papel importante na formação óssea durante a adolescência, especialmente nas meninas, mostrou um estudo que avaliou 4.000 adolescentes com idade média de 15 anos. O trabalho será publicado na edição de fevereiro do "Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism".
Os pesquisadores avaliaram a qualidade óssea dos voluntários e os níveis de massa magra e gorda. E constataram que aqueles que apresentavam muito pouco tecido adiposo tinham ossos mais finos, o que aumentaria as chances de desenvolver osteoporose no futuro. Sabe-se que ossos grandes são mais resistentes do que aqueles com diâmetros menores, mesmo que a densidade óssea seja semelhante.
"O que ocorre quando a gordura corporal é muito reduzida, por exemplo ao fazer dietas em excesso, é que o adolescente terá efeitos adversos no desenvolvimento do esqueleto, especialmente em meninas, nas quais a relação foi mais forte", disse à Folha Jonathan Tobias, do Departamento de Reumatologia da Universidade de Bristol (Reino Unido) e responsável pelo estudo.
Após a adolescência, entre 20 e 30 anos, ocorre o chamado pico de massa óssea -momento em que os ossos atingem o maior tamanho e espessura na vida. Passada essa idade, começam a ocorrer perdas e é essa reserva que ajudará a prevenir a osteoporose no futuro.
"Cada vez mais a medicina se dedica a tratar osteoporose e cada vez mais há pessoas com a doença. É um contrassenso, e o erro é que tratamos o idoso quando deveríamos estar tratando a criança e o adolescente. Para a pessoa ter um bom esqueleto, é preciso formar ossos de qualidade nessa faixa etária", afirma o ortopedista Márcio Passini, presidente do Comitê Nacional de Osteoporose da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Peso e osteoporose
A relação entre baixo peso e maior risco de osteoporose já é conhecida -o peso corporal adequado, formado por um equilíbrio entre massa magra (músculos) e gorda, também estimula o desenvolvimento do esqueleto e a remodelação óssea (renovação dos ossos).
"O destaque nesse estudo é mostrar que, para as meninas, ter massa gorda, dentro da faixa de normalidade, é importante. Estudos novos mostram que o cérebro também controla a formação dos ossos por meio de substâncias provavelmente produzidas pelo tecido gorduroso", diz a endocrinologista Marise Castro, chefe do Departamento de Doenças Osteometabólicas da Unifesp e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia -regional São Paulo.
O indicado é manter um IMC (índice de massa corporal) entre 20 e 25 kg/m2. O número é medido pela divisão do peso em quilogramas pela altura ao quadrado. "Pessoas com IMC abaixo de 20 kg/m2 têm oito vezes mais chance de sofrer de osteoporose do que quem tem IMC de 27,5 kg/m2", diz.
Na adolescência, também é crucial o consumo de laticínios -fontes de cálcio- e de proteínas, que também ajudam na formação dos ossos, além da prática frequente de exercícios.


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