São Paulo, sábado, 07 de março de 2009

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Em "provão", paciente do SUS "reprova" HC de SP

O primeiro colocado foi o Hospital do Rim e Hipertensão e o segundo, o HC de Ribeirão

A Secretaria de Estado da Saúde diz que não houve má avaliação e que o hospital está representado na pesquisa pelo InCor

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Enfermeira acompanha hemodiálise no Hospital do Rim e Hipertensão


CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Referência médica no Brasil e na América Latina, o Hospital das Clínicas da USP de São Paulo não aparece entre os dez hospitais públicos e filantrópicos eleitos como os melhores na avaliação dos pacientes do SUS, segundo pesquisa feita pela Secretaria de Estado da Saúde.
O levantamento, chamado de "Provão do SUS", ouviu 60,2 mil usuários que passaram por internações e exames em 500 estabelecimentos de saúde conveniados à rede pública paulista nos meses de novembro e dezembro de 2007 e abril e junho de 2008.
O primeiro colocado no levantamento foi o Hospital do Rim e Hipertensão, de São Paulo, com nota média de 9,349. Em segundo lugar, com nota 9,344, ficou o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e, em terceiro, a unidade materno-infantil do HC de Marília, que recebeu nota 9,342.
Apenas um dos sete institutos ligados ao complexo HC de São Paulo, o InCor (Instituto do Coração), figura entre os dez mais bem avaliados -ficou em sétimo lugar. A avaliação do complexo HC pelos usuários difere da dos médicos. Em pesquisa Datafolha que ouviu mil médicos em 2007, o hospital foi o quarto mais bem votado da capital -atrás apenas dos hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz.
Ontem à tarde, o HC de São Paulo, por meio da assessoria de imprensa, disse que desconhecia os resultados da avaliação -que foram divulgados ontem à noite-, mas que tinha "grande satisfação" por estar representado pelo InCor.
O secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, discorda que o HC tenha sido "reprovado" pelos usuários e diz considerar o hospital representado pelo InCor.
"O Instituto do Coração fica no complexo do HC e sua atuação está subordinada à superintendência do hospital. O HC é, historicamente, bem avaliado pelos usuários", afirmou em entrevista à Folha por e-mail.
O InCor responde hoje por 30%, em média, dos atendimentos do HC e funciona em prédio diferente do Instituto Central (IC), o coração do complexo, responsável por 50% do total de atendimentos e com 955 leitos ocupados. Só no pronto-socorro do IC, são 11 mil atendimentos por mês.
Para especialistas do HC ouvidos pela Folha, a má avaliação pelos usuários pode estar relacionada, principalmente, à demora para a realização de exames e de cirurgias.

Metodologia
A secretaria encaminhou 1,5 milhão de cartas a pacientes que foram internados em hospitais públicos paulistas, independentemente do procedimento realizado. A pontuação foi feita com base nas respostas encaminhadas via correio, telefone ou internet.
Para classificar os hospitais (excluídas as maternidades), foram atribuídas notas que variavam de um a dez para cada pergunta respondida pelos pacientes. Foram cinco perguntas -sobre a qualidade do atendimento, por exemplo.
Para o nefrologista José Medina Pestana, diretor do Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), uma das razões para o hospital estar em primeiro lugar na avaliação dos usuários é o fato de atender "pacientes do serviço público como se fosse do privado".
"O paciente tem um médico responsável por ele, as acomodações e os equipamentos são semelhantes aos de hospitais privados." A instituição é a que mais faz transplantes de rim em todo o mundo -foram 5.400 nos últimos dez anos.
Milton Labrega, superintendente do HC da USP de Ribeirão, que ficou em segundo lugar no "provão do SUS", atribui a boa avaliação ao fato de a instituição só atender pacientes novos com encaminhamentos -o HC de SP também adota esse procedimento-, evitando a superlotação e a demora.


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