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Impotência indica um risco maior de infarto e derrame
Estudo feito em 13 países constatou que disfunção erétil em paciente do coração aumenta a probabilidade de morte
Pesquisa serve de alerta para que os urologistas investiguem se há doença cardiovascular em pacientes com dificuldades de ereção
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Problemas de ereção podem
sinalizar risco de morte, de ataque cardíaco, de acidente vascular cerebral e de insuficiência
cardíaca. Os urologistas devem
estar atentos para a possibilidade de outras complicações
nesses pacientes, reforça um
estudo publicado no periódico
"Circulation", conduzido por
pesquisadores da Universidade
de Saarland (Alemanha).
"De fato, sabe-se que há coincidências entre os quadros de
infarto e de disfunção erétil,
porque ambos sinalizam problemas nos vasos", explica o
cardiologista Carlos Vicente
Serrano, do Instituto do Coração, em São Paulo. "Em alguns
casos, a disfunção erétil vem
antes, em outros acontece o
contrário", diz.
Segundo o cardiologista, o estudo serve de alerta aos urologistas, que devem ir além e investigar doenças cardiovasculares em pacientes portadores
de disfunção erétil.
"Sabe-se que a disfunção erétil é um marcador de doença
cardiovascular", afirma o urologista Joaquim de Almeida
Claro, do Hospital das Clínicas
de São Paulo e coordenador do
Hospital do Homem, também
na capital paulista. "Ambas são
manifestação de doença do endotélio [a parede interna dos
vasos]", explica. "Mas não estamos colhendo os frutos dessa
informação", lamenta.
Para chegar ao resultado, os
pesquisadores alemães acompanharam 1.519 homens em 13
países ao longo de cinco anos.
Eles constataram que aqueles
que apresentavam patologia
cardiovascular e disfunção erétil tiveram um risco duas vezes
maior de morrer por qualquer
doença. Esses homens também
tiveram quase o dobro do risco
de morrer por doenças cardiovasculares e uma chance duas
vezes maior de sofrer um infarto do que aqueles que não relataram dificuldades de ereção.
Segundo os autores, a disfunção erétil é algo que sempre deveria ser investigado porque
pode ser um sintoma precoce
de aterosclerose -a formação
de placas de gordura que leva
ao entupimento das artérias.
Mas, segundo Claro, a maioria dos urologistas não orienta
esses pacientes a investigar
problemas cardiovasculares.
"Infelizmente a maioria dos
médicos que atendem pacientes de risco ignora sinais ou pelo desconforto em mencionar a
palavra ereção ou por desconhecimento das consequências
de fatores como obesidade, hipertensão, diabetes e alterações no colesterol, que levam à
disfunção do endotélio", diz Otto Chaves, chefe do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
Dos participantes envolvidos
no estudo, todos eram portadores de doença cardiovascular e
mais da metade (55%) tinha
disfunção erétil. Os pesquisados com impotência eram mais
velhos e tinham maior prevalência de problemas como hipertensão, derrame, diabetes e
cirurgias no trato urinário.
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