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Nova técnica trata sinusite sem cortes
Inspirado na angioplastia, tratamento usa balão para inflar a cavidade óssea do nariz, facilitando a drenagem das secreções
Sinuplastia, indicada para a forma crônica da doença e menos invasiva do que a cirurgia tradicional, é feita em três hospitais de SP
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova técnica cirúrgica
promete tratar a sinusite crônica sem corte ou sangramento.
Em São Paulo, ao menos três
hospitais -Edmundo Vasconcellos, Albert Einstein e Hospital das Clínicas- oferecem o
tratamento, que foi autorizado
no mês passado pela Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A sinusite é uma inflamação
das mucosas dos seios paranasais (óstios) e da cavidade nasal.
Elas aumentam de volume e
obstruem a comunicação entre
os canais do nariz, favorecendo
a proliferação de germes e fungos na região. Com isso, surgem
congestão nasal, secreção com
pus, redução do olfato, dor e
sensação de peso no rosto.
Chamada de sinuplastia, a
nova técnica é inspirada na angioplastia, que desobstrui as artérias: por meio de um cateter,
o cirurgião insere um dispositivo com um balão flexível até a
entrada do seio da face.
Ao ser inflado, o balão causa
microfraturas na cavidade óssea, moldando a região. Com isso, as narinas ficam desobstruídas, facilitando a drenagem das
secreções. O novo procedimento dura, em média, 20 minutos
-a cirurgia tradicional demora
cerca de quatro horas.
Segundo o médico Richard
Voegels, professor de otorrinolaringologia do HC, o método é
indicado às pessoas com sinusite crônica e que não encontram
alívio com medicamentos (anti-inflamatórios e antibióticos).
"É menos traumática do que
a cirurgia endoscópica, mais rápida e não tem corte nem sangramento. Outra vantagem é
que pode ser feita com sedação.
Nós, por precaução, temos feito
com anestesia geral."
Ele diz que a técnica, criada
nos EUA em 2006, pode também ser uma alternativa para
pacientes que têm alguma contra-indicação cirúrgica.
"O método não representa a
cura da doença nem vem para
ocupar o lugar da cirurgia endoscópica tradicional", explica
João Flávio Nogueira, otorrinolaringologista do Hospital
Professor Edmundo Vasconcelos, instituição pioneira no país
a adotar a técnica.
Diferenças
A diferença entre as cirurgias
é que na tradicional há remoção da mucosa nasal e de materiais ósseos para facilitar a ventilação, a drenagem das secreções e o acesso das medicações.
Na sinuplastia, não há remoção
desses tecidos.
"A cirurgia [endoscópica] é
muito útil e continuará sendo.
Mas ela pode apresentar complicações, como hematoma e fibrose cicatricial [que pode fechar novamente a cavidade nasal]. Ela também pode diminuir
temporariamente os movimentos mucociliares do nariz
[que promovem a limpeza]."
Porém, a sinuplastia é mais
limitada. O otorrinolaringologista Onivaldo Cervantes, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que o procedimento não corrige problemas anatômicos que
podem estar envolvidos na sinusite, como um desvio de septo, que só são resolvidos na cirurgia tradicional.
"A gente tira o osso e não volta mais. Não sabemos, a longo
prazo, se a sinuplastia por balão
vai resolver o problema em definitivo ou se ele poderá voltar."
Na avaliação de Nogueira, os
cirurgiões precisam conhecer
bem as técnicas para saber qual
a melhor indicação para seus
pacientes. O fator limitante da
sinuplastia por balão é o custo,
em torno de R$ 7.000, que hoje
não é coberto pelos planos de
saúde nem pelo SUS.
Tanto Voegels como Nogueira ressaltam que ainda se trata
de uma cirurgia nova. "Só o
tempo e uma maior casuística
vão nos dizer se ela veio para ficar. Até agora ela tem se mostrado muito interessante."
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