São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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Droga promete melhora contra leucemia

Remédios usados como segunda opção para tratar um tipo de câncer parecem superiores ao tratamento ouro

Estudos mostram que a taxa de remissão da leucemia mieloide crônica é maior com esses medicamentos

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE CHICAGO

Dois estudos que serão apresentados hoje no 46º congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica podem acabar com a primazia da droga usada contra leucemia mieloide crônica, o Glivec (imatiniba).
Lançado em 2001, o Glivec, da Novartis, revolucionou o tratamento dessa doença ao elevar as taxas de remissão do câncer e sobrevida dos pacientes.
A droga inibe a produção de uma enzima chamada tirosino-quinase, crucial para o desenvolvimento desse tipo de câncer.
A segunda geração de inibidores da tirosino-quinase se apresenta com o potencial de atingir melhores resultados, com a mesma segurança, do medicamento considerado padrão-ouro no tratamento da doença.
Em um ano em que o congresso de oncologia está apresentando um número significativo de estudos que tiveram resultados negativos, a possibilidade de obter melhores prognósticos com drogas já existentes vem ganhando destaque.

NOVOS ESTUDOS
Os novos estudos apontam que duas drogas já aprovadas para pacientes que não respondem ao Glivec são superiores a ele também no tratamento inicial de leucemia mieloide crônica.
O Sprycel (dasatiniba), da Bristol-Myers Squibb, apresentou, um ano após o tratamento, remissão do câncer em 77% dos pacientes, contra 66% obtidos pelo Glivec.
O desaparecimento das células com a alteração genética relacionada à leucemia mieloide crônica ocorreu antes com o Sprycel.
"Os resultados mostram que usar dasatiniba desde o início melhora o prognóstico de cura. E isso é ainda mais importante porque está aumentando o número de pacientes com resistência à imatiniba [Glivec]", afirma o coordenador do estudo, Hagop Kantarjian, do M. D. Anderson Cancer Center.
A pesquisa foi feita com 519 pacientes em tratamento inicial para esse tipo de leucemia, divididos aleatoriamente em dois grupos -um que foi tratado com Glivec e outro com Sprycel, por uma média de 14 meses.

CURTO PRAZO
Kantarjiam considera que o estudo é suficiente para indicar a droga de segunda geração como tratamento inicial, mas lembra que ainda não há dados sobre a progressão a longo prazo. Por enquanto, não é possível comparar a taxa de sobrevida geral com o Glivec, desenvolvido há mais de dez anos.
A Novartis, fabricante do Glivec, também está atrás de inibidores de tirosino-quinase de segunda geração e estuda os efeitos de sua Tasigna (nilotiniba) no tratamento inicial da leucemia.
Um estudo com 846 pacientes aponta que ela tem maior taxa de remissão da doença do que o Glivec (80% contra 65%).
IARA BIDERMAN viajou a Chicago a convite da Roche


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