São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Pais relutam em revelar verdade a filhos gerados com gametas doados

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO


A questão do anonimato nas doações de óvulos e sêmen suscita debates éticos e jurídicos em todo o mundo.
Em países como a Inglaterra e a Bélgica, a criança tem o direito de saber sobre sua história, quando atinge a maioridade. Nos EUA, por meio da internet, jovens gerados com o sêmen de um mesmo doador já conseguem localizar os "meios-irmãos".
Mas a quebra do anonimato tem um impacto nas doações. No Reino Unido, por exemplo, clínicas de reprodução viram despencar o número de doadores de sêmen.
No Brasil, não há leis normatizando a questão, mas uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) prevê que a doação de gametas seja anônima.
Só em situações de doença grave as informações sobre os doadores podem ser fornecidas para os médicos -desde que a identidade deles seja resguardada.
A resolução também estabelece que um mesmo doador de gametas produza, no máximo, duas gestações de sexos diferentes numa área de 1 milhão de habitantes.
Mas, imaginando uma cidade como São Paulo, com cerca de 11 milhões de habitantes, isso não evitaria a possibilidade de incesto pela união de filhos de um doador.

TRANSPARÊNCIA
No âmbito privado, a maioria dos casais brasileiros que recorre aos gametas doados manifesta a vontade de não revelar isso ao filho.
Em geral, esses casais buscam um doador com características físicas e psicológicas próximas às suas, pois desejam um filho à sua imagem e semelhança.
Os próprios especialistas em infertilidade costumam desencorajar seus pacientes a contar a verdade, sob o argumento de que isso trará mais prejuízos do que benefícios à criança.
Os psicólogos discordam e dizem que o segredo pode gerar fantasias infantis ainda piores. E há médicos que lembram que a herança dos genes precisa ser conhecida para prevenir doenças futuras.
Enquanto isso, o mercado editorial nos EUA já tem livros para ajudar os pais a fazer a revelação de forma lúdica.
O fato é que os conflitos gerados no passado sobre o segredo em torno da adoção deveriam servir de lição para que o mesmo não ocorra, agora, com os filhos da reprodução assistida


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