São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Doença circulatória é a que mais mata

Segundo dados do Ministério da Saúde, as principais causas de morte estão ligadas a má alimentação e sedentarismo

O câncer está em segundo lugar, seguido de homicídio e violência no trânsito; em 2005, 41,2% dos mortos tinham menos de 60 anos

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Doenças do aparelho circulatório associadas à má alimentação, ao consumo excessivo de álcool, ao tabagismo e ao sedentarismo estão no topo do ranking das causas de morte no Brasil. O câncer aparece em segundo lugar, seguido de homicídio e violência no trânsito, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados ontem.
O retrato das principais causas de mortalidade mostra que derrames e infartos são os principais vilões da saúde para homens e mulheres. Em 2005, 10% do total dos óbitos no país ocorreram por causa de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e 9,4% devido a infartos.
As altas taxas de mortes por doenças crônicas e causas violentas vêm sendo registradas desde a década de 1970. Antes, o que mais matava no Brasil eram as doenças infecciosas e parasitárias, como diarréia, tuberculose e malária. Na década de 1930, as doenças cardiovasculares respondiam por 12% das mortes nas capitais, contra 46% das doenças infecciosas.
Hoje, os problemas no aparelho circulatório são responsáveis por 32,2% do total de mortes.
De acordo com Otaliba Libânio, diretor do Departamento de Análises de Situação da Saúde do ministério, esse índice está ligado a hábitos pouco saudáveis, como consumo excessivo de gorduras, açúcares e sal, além de uso abusivo de bebidas alcoólicas e cigarro.
Os números, incluídos no levantamento Saúde Brasil 2007, com base nas mortes ocorridas em 2005 e 2006, também mostram que a taxa de mortes prematuras (antes da terceira idade) é alta: em 2005, 41,2% dos mortos não tinham 60 anos.
Segundo Libânio, o maior crescimento percentual em relação à pesquisa anterior, divulgada em 2007, foi registrado nos casos de câncer e de mortes violentas. "Observamos um aumento no peso da violência no conjunto das mortes. No Brasil ela é a terceira causa, mas em três regiões, a Centro-Oeste, a Norte e a Nordeste é a segunda causa de morte", afirmou.
Embora as mulheres sejam maioria na população, os homens morrem mais, de acordo com o levantamento -o risco de morte da população masculina é 40% superior.
Doenças isquêmicas do coração são a principal causa de morte dos homens, seguidas por doenças cerebrovasculares e homicídios. De 1980 a 2005, a proporção de mortes por câncer nos homens aumentou 76%, por causas violentas, 41%, e por transtornos mentais, 225% - neste caso, o alcoolismo é o principal responsável.
Entre as mulheres em idade fértil (10 a 49 anos), o câncer foi responsável pela maior quantidade de mortes em 2005, alcançando uma taxa de 23% (era 20,7% em 2000), superando as doenças circulatórias.
No ranking das causas de morte para mulheres em geral, o câncer de mama ocupa a nona posição. "Há alguns anos, o câncer de colo de útero era a principal causa de morte. Isso indica que o ministério deve insistir em políticas de rastreamento", afirmou Libânio.

Prevenção
Para Rui Ramos, cardiologista e diretor de promoção de saúde vascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, um dos fatores que ajudam a explicar por que as doenças circulatórias lideram as causas de mortes no Brasil é o fato de a população estar envelhecendo e se alimentando mal. Segundo ele, idade e colesterol são fatores de risco importantes.
"Para diminuir o risco de eventos circulatórios, como infartos e derrames, deve-se evitar o colesterol com uma dieta saudável, tratar a pressão alta, deixar de lado o cigarro e fazer atividade física", afirma.
Segundo o médico, pessoas com doenças circulatórias acabam tendo complicações porque só procuram tratamento depois que algo grave acontece.


Colaborou MÁRCIO PINHO, da Reportagem local


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