|
Próximo Texto | Índice
SUS vai usar mais plantas medicinais e fitoterápicos
De acordo com o governo, ao menos 200 espécies nativas podem ser utilizadas
A redução dos gastos pode chegar a até 80% em relação à compra de medicamentos comuns, de acordo com a supervisora do programa
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
O governo federal vai ampliar a oferta de plantas medicinais e fitoterápicos na rede pública. Em dois anos, o número
de prefeituras que disponibilizam os produtos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) subiu de
116 para 350, chegando a 6,3%
dos municípios em 2008. A
ideia agora é ampliar o número
de cidades e a variedade de
substâncias disponíveis.
Em dezembro de 2008, foi
aprovado o programa nacional
de plantas medicinais e fitoterápicos, coordenado pelo Ministério da Saúde. Ele prevê a
destinação de verbas para o setor e a ampliação da lista de
produtos que poderão ser pagos com recursos federais.
O governo estima que ao menos 200 plantas medicinais nativas têm potencial de uso no
SUS, mas só dois fitoterápicos,
feitos a partir do guaco e da espinheira-santa, estão na lista
de medicamentos comprados
com a verba do ministério.
Experiências locais
Em cidades como Cuiabá
(MT), que tem um programa
municipal, ao menos 20 plantas já são utilizadas, como a babosa, a erva-cidreira e o alho.
Elas não podem, porém, ser adquiridas com a verba repassada
pela União, já que não constam
da lista de referência do ministério. Com a iniciativa federal,
gestores do SUS esperam contar com mais medicamentos a
partir deste ano.
Segundo Isanete Bieski, supervisora do Programa Municipal de Plantas Medicinais e Fitoterapia, da Secretaria da Saúde de Cuiabá, a redução dos
gastos pode chegar a 80% em
relação à compra de medicamentos convencionais. Na cidade, moradores recebem medicamentos e são orientados a
adaptar, em casa, hortas com
plantas medicinais.
"Com a aprovação do programa, haverá mais incentivos a
implantação ou adequação de
farmácias públicas de manipulação de fitoterápicos para
atender às realidades regionais.
Esses programas vão receber
verbas de fomento federais."
O governo também estuda
desonerar a produção das plantas e destinar mais verbas à
pesquisa e ao desenvolvimento
de tecnologia para o setor. A
ideia é que a produção seja feita
principalmente na agricultura
familiar. Embora a lista de fitoterápicos aumente, não está
previsto um incremento do orçamento para a compra de medicamentos pelos municípios,
de R$ 7,10 por habitante, em
verbas federais, estaduais e
municipais, a cada ano.
Segurança
O Ministério da Saúde garante a segurança das plantas medicinais e fitoterápicos que serão distribuídos. "O fitoterápico é eficaz, embora tenha riscos
como qualquer outro [medicamento], e tem que seguir as regras que a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]
exige", diz José Miguel do Nascimento Júnior, diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica da pasta.
Roberto D'Ávila, vice-presidente do Conselho Federal de
Medicina, diz não se opor ao
uso de fitoterápicos, desde que
a segurança e eficácia tenham
sido comprovadas.
É a mesma opinião de Rosany Bochner, coordenadora
do Sinitox (Sistema Nacional
de Informações Tóxico-Farmacológicas), da Fiocruz. Ela
ressalta que os medicamentos à
base de plantas também têm
efeitos colaterais, por isso é
preciso ficar atento à bula. "É
muito presente na população
essa ideia de que, porque é natural, não faz mal", afirma.
Próximo Texto: Frase Índice
|