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Tuberculose mata 3 em cada 10 doentes com HIV no país
Estudo feito no Brasil e nos EUA concluiu que a mortalidade precoce em pacientes com o vírus é diferente nos dois países
No país, a tuberculose foi responsável por 32,4% das mortes no Rio; nos EUA não houve nenhuma morte pela doença no período de um ano
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A tuberculose é a doença que
mais mata pacientes com Aids
no país, sugere estudo realizado por equipes do Instituto de
Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Fiocruz) e do Departamento de Medicina da Universidade Johns Hopkins (EUA).
De acordo com a pesquisa,
realizada durante um ano com
1.774 pacientes (859 do Rio e
915 de Baltimore), a tuberculose foi responsável por 32, 4%
das mortes no Rio Janeiro, seguida da criptococose (11,8%) e
do sarcoma de Kaposi (11,8%).
Os resultados foram publicados na revista científica "Aids".
Em Baltimore não houve nenhuma morte relacionada à tuberculose: 17,8% dos óbitos foram por problemas cardiovasculares e 8,9%, devido ao uso
abusivo de drogas.
Trata-se do primeiro estudo
que comparou as causas de
morte pela doença usando metodologia idêntica. Ao longo do
período, 79 pacientes faleceram, 34 no Rio e 45 nos EUA.
Segundo a infectologista
Beatriz Grinsztejn, autora da
pesquisa, o objetivo do estudo
era avaliar a mortalidade um
ano após o início do tratamento. "Queríamos entender quais
são as razões que estão levando
os nossos pacientes à morte.
Conseguimos descobrir as causas e identificar os momentos
de maior risco", afirmou. No
Brasil, o maior risco de mortalidade está nos 90 primeiros dias
de tratamento, enquanto nos
EUA o risco é igual no ano todo.
Para Grinsztejn, o risco de
mortalidade é maior no Brasil
porque os pacientes ainda são
diagnosticados tardiamente.
"Quando eles chegam ao sistema de saúde, já estão com a
doença instalada e avançada".
Segundo Ronaldo Hallal, assessor técnico da Unidade de
Assistência e Tratamento do
Programa Nacional DST/Aids
do Ministério da Saúde, a tuberculose é, de fato, a doença
infecciosa que mais mata os pacientes soropositivos no país.
Ele diz que o ministério tem
ações específicas para tentar
identificar a doença mais precocemente: intensificar o diagnóstico de HIV em pacientes
com tuberculose, reforçar a
busca de casos em pacientes
com HIV e testar pessoas que
tiveram contato com o bacilo
da tuberculose no passado para
iniciar tratamento profilático.
"São estratégias que têm como objetivo ampliar o tratamento e reduzir a mortalidade,
já que a tuberculose está emergindo no mundo todo, especialmente nos países em desenvolvimento", afirmou Hallal.
O pneumologista Virgílio Tonietto, professor da PUC-RS,
diz que o Brasil registra cerca
de 100 mil novos casos da doença por ano. "A tuberculose ainda é muito presente. O paciente
soropositivo precisa de cuidados redobrados", diz.
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