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Câncer de pele terá novo tratamento
Medicamento eleva sobrevida de pacientes com melanoma em estágio avançado, mostra resultado de estudo
Pesquisa apresentada agora em congresso de oncologia envolveu 676 doentes e 125 centros de estudos de 13 países
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE CHICAGO
Estudo divulgado neste
fim de semana no congresso
da Associação Americana de
Oncologia Clínica mostra,
pela primeira vez, uma droga
capaz de aumentar a sobrevida de pacientes com melanoma em estágio avançado.
Esse tumor é responsável
por mais de 80% das mortes
causadas por câncer de pele.
A descoberta deve mudar o
tratamento dessa doença. A
última droga aprovada para
tratar melanoma, há 12 anos,
não traz benefício algum para 85% dos pacientes.
Hoje, os medicamentos
disponíveis para melanoma
avançado (que apresenta
metástases), quando geram
benefícios, dão cerca de nove
meses de sobrevida.
A nova droga, ipilimumab,
deu em média dois anos de
sobrevida aos participantes
do estudo. Alguns sobreviveram por quatro ou mais anos.
Em 30% dos que usaram a
droga, o melanoma não progrediu por seis meses. Outros
remédios atingem esse resultado só em 10% dos doentes.
Conduzido por Stephen
Hodi, do Dana-Faber Cancer
Institute, em Boston, e por
Steven ODay, do instituto
The Angeles, Califórnia, o estudo envolveu 676 doentes,
em 125 centros de 13 países.
O oncologista José Segalla,
diretor de ensino e pesquisa
do Hospital do Câncer Amaral Carvalho, de Jaú (SP), diz
que o medicamento traz novas esperanças.
Para Segalla, os resultados
são significativos, mas é preciso investigar os benefícios e
riscos da droga em longo prazo. Foram observados efeitos
colaterais importantes, como
infecções de pele.
"Até o momento, esses
efeitos se mostraram relativamente controláveis, e os
benefícios [da droga] superam os riscos", diz Segalla.
SEM VACINA
O ipilimumab atua no sistema de defesa. Ele impede a
liberação de uma substância
que bloqueia as células de
defesa. Isso acelera e potencializa a produção de células
que atacam o tumor.
"É uma forma diferente de
manipular o sistema imunológico para fazer o corpo atacar o tumor", diz Hodi.
A pesquisa investigou a
ação do ipilimumab isoladamente e em associação com
uma vacina para melanoma.
Mas esse uso combinado não
melhorou os resultados.
"A comunidade científica
e os leigos têm um desejo
grande de que vacinas para o
câncer sejam descobertas,
mas isso não está acontecendo. Uma das conclusões indiretas da pesquisa [do ipilimumab] é que a vacina para
o melanoma não funciona",
diz Paulo Hoff, diretor do
Icesp (Instituto do Câncer do
Estado de São Paulo).
Hoff acredita que, além de
mudar o paradigma no tratamento do melanoma, a droga
possa tratar outros tipos de
câncer. "Ainda não há evidência, mas o mecanismo de
ação no sistema imunológico
pode, teoricamente, funcionar em outros casos."
Pesquisas sobre o efeito do
ipilimumab em câncer de
pulmão estão em curso.
A droga, que foi desenvolvida pela Bristol-Myers, ainda não tem aprovação dos órgãos reguladores. "Como ela
demonstrou aumentar a sobrevivência com efeitos colaterais semelhantes aos das
outras, tem grandes chances
de ser aprovada", afirma o
pesquisador Steven ODay.
IARA BIDERMAN viajou a Chicago a
convite da Roche
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