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Novo exame substitui biópsia no fígado
Equipamento fornece o resultado em minutos, o que facilita a indicação do tratamento em casos de hepatite
Procedimento permite investigar com mais precisão o grau de fibrose no órgão, além de não ser invasivo
GABRIELA CUPANI
DE SÃO PAULO
Um novo equipamento poderá substituir biópsias de fígado, em especial nos casos
de hepatites. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) acaba de dar o aval
para sua importação.
O exame, cujo nome é elastografia hepática transitória,
permite diagnosticar a fibrose no fígado (grau de cicatrização do órgão) com mais
precisão do que a biópsia.
A formação dessas cicatrizes decorre de agressões por
doenças crônicas, por exemplo as hepatites.
O exame capta as imagens
do fígado por ultrassom, e
também transmite uma onda
de baixa frequência.
A vibração se propaga e
mede a elasticidade do tecido hepático. Quanto mais endurecido, mais veloz é a propagação da onda. O resultado sai em cinco minutos.
Avaliar o grau de fibrose é
crucial no tratamento de
doenças do fígado. É isso o
que vai determinar uso de
um ou outro medicamento.
"É um avanço enorme. É
possível que o exame substitua a biópsia hepática, não
somente no diagnóstico, mas
no acompanhamento das hepatites crônicas em futuro
próximo", diz o médico hepatologista Hoel Sette Júnior,
pesquisador do hospital Oswaldo Cruz.
A biópsia é um procedimento invasivo que requer
hospitalização. Ela é feita
com a inserção de uma agulha para a retirada de um pedaço de tecido, o que aumenta o risco de sangramentos.
Além disso, o fragmento
colhido em biópsia pode não
ser adequado para análise
-que depende da interpretação do patologista.
CUSTO
Ainda não se sabe quanto
custará uma elastografia,
mas os especialistas acreditam que o valor deverá ser
menor do que o da biópsia.
Exames convencionais de
imagem, como tomografia e
ressonância magnética, são
mais utilizados só nas fases
avançadas da doença.
"Acho que a grande indicação é para pacientes com
hepatite C que já estão diagnosticados. Pode ser útil para
acompanhar o tratamento",
diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.
As estimativas oficiais
apontam três milhões de brasileiros infectados pela hepatite C - mas os médicos afirmam que essa população é
subestimada. Quase a metade dos transplantes de fígado
está relacionada à doença.
Embora a maioria das pesquisas tenham sido feitas
com portadores de hepatites,
o exame vem sendo estudado
para outras doenças.
O aparelho também poderá ser útil nos casos de cirrose
por excesso de álcool ou nos
pacientes que passaram por
transplante hepático.
Desenvolvido na França, o
equipamento já vem sendo
usado na Europa e está em
processo de aprovação pelo
FDA (órgão americano que
regulamenta remédios).
No entanto, a elastografia
não vai significar o fim das
biópsias de fígado, porque
em alguns casos ela não pode ser feita: "Quando há acúmulo de água na barriga ou
excesso de gordura no fígado, o exame não se aplica",
ilustra a médica gastroenterologista Bianca Della Guardia, do Hospital Israelita Albert Einstein.
O aparelho já está disponível em algumas clínicas e
hospitais do país -até aqui
era usado apenas para pesquisa, em várias instituições.
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