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Exercício beneficia homem que tem tumor de próstata
Estudo sugere que atividades vigorosas reduzem mortalidade por esse câncer
Atividades físicas melhoram sistema imune e reduzem fadiga e perda de massas muscular e óssea geradas por tratamentos de tumor
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
Homens com câncer de próstata devem praticar exercícios,
sugere um estudo feito com
2.686 pacientes e apresentado
no encontro da Frontiers in
Cancer Prevention Research,
que termina amanhã, nos EUA.
Feita pela Universidade Harvard, a pesquisa mostra que
tanto exercícios vigorosos (como natação, corrida e ciclismo)
quanto os não vigorosos (como
caminhada) diminuem os índices de mortalidade geral -não
necessariamente pelo câncer
de próstata- nesses pacientes.
Aqueles que caminhavam
quatro ou mais horas semanais,
por exemplo, tinham um índice
23% menor de mortalidade geral. No caso das atividades vigorosas, houve diminuição inclusive da mortalidade por câncer
de próstata: foi de 56% naqueles que praticavam cinco ou
mais horas semanais.
Segundo a autora, Stacey
Kenfield, trata-se do primeiro
estudo populacional amplo a
avaliar o impacto da atividade
física na mortalidade de pacientes com câncer de próstata.
Ela diz que ainda não estão claros quais mecanismos moleculares estão envolvidos nessa associação. "O exercício influencia uma série de hormônios que
podem estimular o câncer de
próstata, melhora as funções
imunes e pode reduzir inflamações. Mas como essas ações
moleculares afetam a biologia
do câncer é algo que está em estudo", disse à Folha.
Segundo Alexandre Crippa,
urologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, diversos
estudos vêm mostrando os benefícios do exercício físico para
vários tipos de câncer.
Há pesquisas que apontam,
inclusive, um efeito preventivo, como uma que foi feita com
mais de 45 mil homens e publicada em outubro no "British
Journal of Cancer". Os resultados mostraram que apenas 30
minutos diários de caminhada
ou ciclismo já previnem a incidência de câncer de próstata.
Outro trabalho deste ano, feito
com camundongos, mostrou
que a prática de exercícios reduz a progressão do câncer naqueles que já tinham a doença.
Para ele, pacientes com câncer devem ser encorajados a
praticar exercícios. "Atividades
como a musculação podem ajudar a repor a massa muscular
perdida com o tratamento hormonal", exemplifica.
O ganho de massa muscular
é apenas um dos benefícios citados pelo educador físico Rodrigo Ferraz, pesquisador do
laboratório de metabolismo e
nutrição da USP (Universidade
de São Paulo), que treina pacientes com câncer.
Segundo ele, há evidências
de que o exercício reduza significativamente a fadiga, muito
comum em quem faz quimioterapia. "O paciente passa a ter
uma vida mais funcional", diz.
Outro efeito da químio que pode ser minorado com o exercício é a perda de massa óssea.
Ferraz diz que muitos pacientes têm receio de que o
exercício piore sua condição.
"Antigamente, acreditava-se
que a atividade física pudesse
debilitar o paciente de câncer e
atrapalhar o tratamento. Hoje
se sabe que é o contrário", diz.
O fisiologista Turíbio Leite
de Barros, professor da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo), acrescenta um benefício: o de potencializar as células do sistema de defesa. "Em
linhas gerais, o câncer não é
impedimento para nenhuma
atividade física."
O médico deve ser consultado e o melhor é fazer os exercícios de forma supervisionada e
respeitando os limites de cada
paciente.
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