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Ouvido biônico traz boa qualidade de vida
Segundo estudo, crianças com implante coclear têm bem-estar físico, mental e emocional semelhante ao de ouvintes
Aparelho exige complexa adaptação e é indicado para crianças e adultos surdos que não tiveram benefícios com aparelhos auditivos
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Beatriz César, 12, que usa implante coclear desde os cinco anos;
segundo a mãe, ela não sofre nenhum preconceito na escola
MARIANA VERSOLATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Crianças e adolescentes surdos com implante coclear -um
estimulador elétrico que faz o
papel do ouvido, ou seja, capta o
som e o transforma em pulsos
elétricos- têm qualidade de vida similar à de crianças e jovens
ouvintes sem o implante.
É o que aponta um estudo
americano publicado no periódico "Otolaryngology -Head
and Neck Surgery".
Ainda segundo a pesquisa,
quanto mais cedo a criança fizer o implante, conhecido como ouvido biônico, melhor será
sua adaptação social e seu desempenho na escola. No Brasil,
a cirurgia é feita pelo SUS em
centros especializados.
O implante é indicado para
crianças surdas com ao menos
um ano de idade e adultos com
surdez bilateral severa que não
tiveram benefícios com o uso
de aparelhos auditivos. É necessária uma complexa adaptação para que a pessoa consiga
interpretar os sons recebidos.
No estudo, foram avaliadas
crianças de 88 famílias, com
idades de oito a 16 anos. Elas e
seus pais tinham que responder a um questionário sobre a
saúde física, mental e emocional, relacionamento social e desempenho escolar.
As respostas foram similares
às de crianças e adolescentes
ouvintes, sem implante.
Para Domingos Lamônica
Neto, otorrinolaringologista da
equipe de implante coclear da
USP de Bauru, a criança já tem
um ganho na qualidade de vida
a partir do momento em que
recebe o implante. "Desde o
momento em que ela ouve pela
primeira vez, já é possível sentir uma mudança positiva na
parte emocional, familiar e
educacional", diz.
Segundo a psicóloga Midori
Otake Yamada, da equipe de
implante coclear do Hospital
de Reabilitação de Anomalias
Craniofaciais da USP (Universidade de São Paulo) de Bauru,
o envolvimento da família é
fundamental para estimular o
desenvolvimento da linguagem
e a interação social das crianças
e dos adolescentes.
"Comunicação é interação.
Se a mãe não aceita a surdez da
criança, não brinca ou não conversa com ela, esse processo falha", afirma.
Yamada diz também que a
qualidade de vida dessas crianças está ligada ao trabalho de
uma equipe especializada, com
otologista, fonoaudiólogo, assistente social e psicólogo.
Para os adolescentes, especialmente as meninas, a adaptação ao aparelho é mais difícil.
"Alguns têm vergonha da unidade externa."
A fonoaudióloga Silvia Badur
Curi, que acompanha pacientes
implantados no Hospital das
Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),
lembra ainda que a qualidade
de vida depende da idade em
que é feita a cirurgia.
Quanto mais tarde o implante for feito, mais trabalho envolvendo a terapia será necessário para o desenvolvimento
da linguagem. "É uma corrida
contra o tempo, mas, mesmo
com "atraso", a pessoa pode adquirir uma boa evolução", diz.
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