São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

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EUA testam aparelhos para substituir cirurgia bariátrica

Objetivo é ter opção com menos efeitos colaterais

PETER ALDHOUS
DA "NEW SCIENTIST"

Novos dispositivos, já testados em pacientes, pretendem substituir a cirurgia bariátrica -último recurso a pessoas perigosamente obesas- com menos efeitos colaterais. O primeiro, chamado EndoBarrier, é um revestimento impermeável instalado nos primeiros 60 centímetros do intestino delgado. Em testes preliminares, o aparelho promoveu redução do peso e controle rápido sobre o diabetes tipo 2. A proposta da fabricante, GI Dynamics, é simples e de baixo custo. O aparelho, envolto por uma cápsula, é inserido pela boca, com o uso de um endoscópio. A cápsula libera uma pequena bola que, com a ajuda de um cateter, estende pelo intestino um revestimento flexível. O processo leva menos de uma hora, e o dispositivo pode ser removido, também pela boca, em menos de dez minutos. No Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, uma equipe liderada pelo gastroenterologista Lee Kaplan demonstrou que a barreira causa, em ratos, perda de peso em ritmo semelhante ao de uma forma popular de cirurgia bariátrica humana, com a qual o consumo de alimentos é restringido por meio de uma faixa ajustável instalada no estômago. "Não estamos fazendo nada com o estômago, e o paciente pode continuar a comer normalmente", diz Stuart Randle, presidente da GI Dynamics. A equipe de Kaplan também descobriu que o aparelho causava uma rápida reversão do diabetes tipo 2 antes dos efeitos da perda de peso. O resultado é atribuído a mudanças nos sinais neurais e hormonais enviados pelo intestino. Isso também acontece quando um paciente faz a operação de ponte gástrica, que altera o percurso gástrico para que os alimentos não percorram parte do estômago e do intestino. A perda de peso que o aparelho deflagra é maior do que poderia ser explicado simplesmente pela redução da absorção de nutrientes, diz Kaplan. Cerca de 150 pessoas testaram o aparelho, e os efeitos em pacientes se assemelham aos constatados em ratos. Segundo o fabricante, o custo do dispositivo, incluindo instalação e remoção, seria de cerca de US$ 7,5 mil -uma cirurgia para colocação de cinta gástrica custa, nos EUA, US$ 15 mil. Testes mais extensos tentarão verificar se o aparelho é efetivo e pode ser deixado no intestino de maneira segura por períodos longos, diz David Flum, da Universidade de Washington, que estuda resultados de cirurgias bariátricas.
Impulsos elétricos
Outro dispositivo, em testes com 300 pacientes, é um aparelho eletrônico que bloqueia os sinais dos nervos vagos ao intestino. Isso parece suprimir o apetite, inibir a expansão e o esvaziamento do estômago e reduzir a secreção de enzimas gástricas. "Permite aos pacientes que não sintam tanta fome, e que se sintam saciados muito mais cedo", diz Mark Knudson, presidente da EnteroMedics, que desenvolveu o dispositivo. Os nervos vagos descem do tronco cerebral e se estendem em direção a órgãos como o coração e a laringe, além dos intestinos. O aparelho bloqueia os sinais aos intestinos por meio de estímulos elétricos nos nervos logo abaixo do diafragma. Os eletrodos se conectam a um controlador implantado acima das costelas. Sinais de rádio programam o aparelho e recarregam sua bateria. Quando os nervos vagos são cortados, o corpo tende a se adaptar e, por isso, o peso perdido volta. Para impedir que isso aconteça, o dispositivo bloqueia os sinais por cinco minutos, passa cinco minutos inativo e repete o ciclo ao longo do dia. À noite, ele fica desativado. O aparelho deve custar entre US$ 15 mil e US$ 20 mil.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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