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EUA testam aparelhos para substituir cirurgia bariátrica
Objetivo é ter opção com menos efeitos colaterais
PETER ALDHOUS
DA "NEW SCIENTIST"
Novos dispositivos, já testados em pacientes, pretendem
substituir a cirurgia bariátrica
-último recurso a pessoas perigosamente obesas- com menos efeitos colaterais.
O primeiro, chamado EndoBarrier, é um revestimento impermeável instalado nos primeiros 60 centímetros do intestino delgado. Em testes preliminares, o aparelho promoveu redução do peso e controle
rápido sobre o diabetes tipo 2.
A proposta da fabricante, GI
Dynamics, é simples e de baixo
custo. O aparelho, envolto por
uma cápsula, é inserido pela
boca, com o uso de um endoscópio. A cápsula libera uma pequena bola que, com a ajuda de
um cateter, estende pelo intestino um revestimento flexível.
O processo leva menos de
uma hora, e o dispositivo pode
ser removido, também pela boca, em menos de dez minutos.
No Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, uma equipe liderada pelo gastroenterologista Lee Kaplan demonstrou
que a barreira causa, em ratos,
perda de peso em ritmo semelhante ao de uma forma popular de cirurgia bariátrica humana, com a qual o consumo de
alimentos é restringido por
meio de uma faixa ajustável
instalada no estômago.
"Não estamos fazendo nada
com o estômago, e o paciente
pode continuar a comer normalmente", diz Stuart Randle,
presidente da GI Dynamics.
A equipe de Kaplan também
descobriu que o aparelho causava uma rápida reversão do
diabetes tipo 2 antes dos efeitos
da perda de peso. O resultado é
atribuído a mudanças nos sinais neurais e hormonais enviados pelo intestino. Isso também acontece quando um paciente faz a operação de ponte
gástrica, que altera o percurso
gástrico para que os alimentos
não percorram parte do estômago e do intestino.
A perda de peso que o aparelho deflagra é maior do que poderia ser explicado simplesmente pela redução da absorção de nutrientes, diz Kaplan.
Cerca de 150 pessoas testaram
o aparelho, e os efeitos em pacientes se assemelham aos
constatados em ratos. Segundo
o fabricante, o custo do dispositivo, incluindo instalação e remoção, seria de cerca de US$
7,5 mil -uma cirurgia para colocação de cinta gástrica custa,
nos EUA, US$ 15 mil.
Testes mais extensos tentarão verificar se o aparelho é efetivo e pode ser deixado no intestino de maneira segura por
períodos longos, diz David
Flum, da Universidade de Washington, que estuda resultados
de cirurgias bariátricas.
Impulsos elétricos
Outro dispositivo, em testes
com 300 pacientes, é um aparelho eletrônico que bloqueia os
sinais dos nervos vagos ao intestino. Isso parece suprimir o
apetite, inibir a expansão e o esvaziamento do estômago e reduzir a secreção de enzimas
gástricas. "Permite aos pacientes que não sintam tanta fome,
e que se sintam saciados muito
mais cedo", diz Mark Knudson,
presidente da EnteroMedics,
que desenvolveu o dispositivo.
Os nervos vagos descem do
tronco cerebral e se estendem
em direção a órgãos como o coração e a laringe, além dos intestinos. O aparelho bloqueia
os sinais aos intestinos por
meio de estímulos elétricos nos
nervos logo abaixo do diafragma. Os eletrodos se conectam a
um controlador implantado
acima das costelas. Sinais de rádio programam o aparelho e recarregam sua bateria.
Quando os nervos vagos são
cortados, o corpo tende a se
adaptar e, por isso, o peso perdido volta. Para impedir que isso aconteça, o dispositivo bloqueia os sinais por cinco minutos, passa cinco minutos inativo e repete o ciclo ao longo do
dia. À noite, ele fica desativado.
O aparelho deve custar entre
US$ 15 mil e US$ 20 mil.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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