|
Próximo Texto | Índice
Dormir mal pode levar à impotência
Estudo feito em São Paulo mostrou que distúrbios como apneia e sono fragmentado aumentam risco de disfunção erétil
O índice de disfunção erétil foi de 17%; na faixa etária dos 20 aos 29 anos, 7% tinham o problema, o que surpreendeu os autores
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
Uma pesquisa feita na cidade
de São Paulo comprovou mais
um problema relacionado à má
qualidade do sono: homens que
dormem mal têm mais risco de
ter disfunção erétil.
O estudo foi feito com 449
homens de 20 a 80 anos, numa
amostra representativa da população masculina do município. Eles passaram por entrevistas e fizeram exames de sangue e polissonografia -teste
que avalia doenças do sono.
O índice de disfunção erétil
foi de 17% -7% na faixa dos 20
aos 29 anos, o que surpreendeu
os pesquisadores. O estudo foi
feito pelo Instituto do Sono e
será publicado na revista estrangeira "Sleep Medicine".
"Cada vez mais as pessoas
passam por privação crônica de
sono e não fazem ideia das repercussões disso para a vida delas, nos planos físico e emocional. Assim como ter uma boa
alimentação e fazer exercícios,
dormir bem é fundamental para uma boa qualidade de vida",
afirma o neurologista Luciano
Ribeiro Pinto Jr., presidente da
Associação Brasileira do Sono.
O principal distúrbio ligado à
impotência foi a apneia (fechamento das vias aéreas superiores que leva a pausas na respiração durante o sono): pacientes com o problema em grau
moderado ou grave tinham três
vezes mais chance de ter disfunção erétil. Levando em conta homens e mulheres, outra
parte do mesmo estudo havia
mostrado que 32,9% da população de São Paulo tem apneia.
"Ainda não se sabe o motivo
para essa relação, mas o mais
provável é que seja pelo fato de
a apneia gerar dano no sistema
vascular. Quando a integridade
das artérias não está preservada, fica mais difícil manter a
ereção, que está ligada à entrada de sangue", explica a biomédica Mônica Andersen, professora da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo) e pesquisadora do Instituto de Sono,
uma das autoras da pesquisa.
Ela lembra que há tratamento para apneia e que as pessoas
devem procurá-lo para ter uma
melhor qualidade de vida.
"Quem dorme mal deve se
preocupar com a vida sexual e
com a saúde em geral."
Segundo o estudo, o risco de
impotência duplicou, ainda,
nos pacientes com sono fragmentado e menor tempo de sono REM (fase na qual ocorrem
os sonhos). Estudos mostram
que os dois casos podem levar à
menor produção de testosterona, o que talvez explique a relação com a impotência.
Sono fragmentado
A fragmentação do sono atinge cerca de 36% dos moradores
de São Paulo e pode ocorrer devido à própria apneia mas também por qualquer outro problema que perturbe a pessoa à
noite: movimento de pernas,
dores, doenças ou a própria insônia. Já a diminuição do tempo de REM pode ser causada
pelo uso de medicamentos, pela própria fragmentação do sono ou pelo fato de a pessoa
acordar muito cedo.
Constatou-se, ainda, que a
obesidade aumenta em duas
vezes a chance de queixa de disfunção erétil. Entre aqueles
com níveis baixos de testosterona ou baixa qualidade de vida, o risco foi quatro vezes
maior. Fazer atividade física ao
menos uma vez por semana foi
um fator protetor.
Para o urologista Celso Gromatzky, da Faculdade de Medicina do ABC, o urologista deve
investigar o sono dos pacientes
e tentar resolver primeiro esse
problema, com a ajuda de profissionais da medicina do sono.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI, da Reportagem
Local
Próximo Texto: Frase Índice
|