São Paulo, terça-feira, 10 de novembro de 2009

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Dormir mal pode levar à impotência

Estudo feito em São Paulo mostrou que distúrbios como apneia e sono fragmentado aumentam risco de disfunção erétil

O índice de disfunção erétil foi de 17%; na faixa etária dos 20 aos 29 anos, 7% tinham o problema, o que surpreendeu os autores


FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO

Uma pesquisa feita na cidade de São Paulo comprovou mais um problema relacionado à má qualidade do sono: homens que dormem mal têm mais risco de ter disfunção erétil.
O estudo foi feito com 449 homens de 20 a 80 anos, numa amostra representativa da população masculina do município. Eles passaram por entrevistas e fizeram exames de sangue e polissonografia -teste que avalia doenças do sono. O índice de disfunção erétil foi de 17% -7% na faixa dos 20 aos 29 anos, o que surpreendeu os pesquisadores. O estudo foi feito pelo Instituto do Sono e será publicado na revista estrangeira "Sleep Medicine".
"Cada vez mais as pessoas passam por privação crônica de sono e não fazem ideia das repercussões disso para a vida delas, nos planos físico e emocional. Assim como ter uma boa alimentação e fazer exercícios, dormir bem é fundamental para uma boa qualidade de vida", afirma o neurologista Luciano Ribeiro Pinto Jr., presidente da Associação Brasileira do Sono.
O principal distúrbio ligado à impotência foi a apneia (fechamento das vias aéreas superiores que leva a pausas na respiração durante o sono): pacientes com o problema em grau moderado ou grave tinham três vezes mais chance de ter disfunção erétil. Levando em conta homens e mulheres, outra parte do mesmo estudo havia mostrado que 32,9% da população de São Paulo tem apneia.
"Ainda não se sabe o motivo para essa relação, mas o mais provável é que seja pelo fato de a apneia gerar dano no sistema vascular. Quando a integridade das artérias não está preservada, fica mais difícil manter a ereção, que está ligada à entrada de sangue", explica a biomédica Mônica Andersen, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pesquisadora do Instituto de Sono, uma das autoras da pesquisa.
Ela lembra que há tratamento para apneia e que as pessoas devem procurá-lo para ter uma melhor qualidade de vida. "Quem dorme mal deve se preocupar com a vida sexual e com a saúde em geral." Segundo o estudo, o risco de impotência duplicou, ainda, nos pacientes com sono fragmentado e menor tempo de sono REM (fase na qual ocorrem os sonhos). Estudos mostram que os dois casos podem levar à menor produção de testosterona, o que talvez explique a relação com a impotência.

Sono fragmentado
A fragmentação do sono atinge cerca de 36% dos moradores de São Paulo e pode ocorrer devido à própria apneia mas também por qualquer outro problema que perturbe a pessoa à noite: movimento de pernas, dores, doenças ou a própria insônia. Já a diminuição do tempo de REM pode ser causada pelo uso de medicamentos, pela própria fragmentação do sono ou pelo fato de a pessoa acordar muito cedo.
Constatou-se, ainda, que a obesidade aumenta em duas vezes a chance de queixa de disfunção erétil. Entre aqueles com níveis baixos de testosterona ou baixa qualidade de vida, o risco foi quatro vezes maior. Fazer atividade física ao menos uma vez por semana foi um fator protetor.
Para o urologista Celso Gromatzky, da Faculdade de Medicina do ABC, o urologista deve investigar o sono dos pacientes e tentar resolver primeiro esse problema, com a ajuda de profissionais da medicina do sono.

Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI, da Reportagem Local



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