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Médico testa medicamento contra tumor em crianças
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A equipe do neurocirurgião
Sergio Cavalheiro, professor da
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo), adaptou o tratamento não invasivo de craniofaringioma, um tumor benigno
raro que cresce em um eixo entre o cérebro e a hipófise e tem
pico de incidência entre os cinco e os dez anos de idade.
A terapia consiste em introduzir via endoscopia um catéter que leva o medicamento
quimioterápico ao tumor e deve ser feita três vezes por semana durante um mês, substituindo a cirurgia. O remédio usado
era a bleomicina, que se mostrou neurotóxica com o passar
do tempo. Cavalheiro estudou a
utilização de uma outra droga,
o interferon, com resultados
promissores.
Das 21 crianças que usaram
interferon entre 2000 e 2006,
11 tiveram redução do tumor de
90% a 98% após 12 aplicações.
Em apenas três casos a resposta foi menor, ficando entre 60%
e 64%. Atualmente, 40 crianças
estão em acompanhamento no
Brasil, Itália, Chile e Canadá,
sob supervisão de Cavalheiro.
Apesar de benigno, o craniofaringioma cresce em uma área
delicada do cérebro e pode causar distúrbios como alteração
de crescimento, alterações na
visão e urinação excessiva.
Além da terapia com catéter,
é possível retirar o tumor por
meio de cirurgia, mas o procedimento traz riscos de lesões e
pode causar distúrbios endocrinológicos (como obesidade e
descontrole do colesterol), psiquiátricos e ainda maior descontrole ao urinar. "Hoje existe
um consenso de que a técnica
da cirurgia de retirada do tumor não é a mais indicado. Deve-se controlá-lo, como uma
doença crônica, pois, apesar de
benigno, o tumor tem um comportamento extremamente
complexo", afirma Cavalheiro.
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