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Atestado para esportes será mais exigente
Sociedade Brasileira de Cardiologia cria modelo padrão de laudo médico a ser exigido antes da prática de exercícios
Novas diretrizes sugerem documento mais detalhado para reduzir problemas e incluem indicações de alguns exames específicos
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de agosto, o atestado
médico exigido em academias,
clubes e competições para a
prática de atividades físicas deverá incluir informações sobre
o tipo e a intensidade dos exercícios permitidos e explicitar
quais as limitações da pessoa.
As regras são parte das primeiras diretrizes em cardiologia do esporte da Sociedade
Brasileira de Cardiologia, que
também indicarão exames para
atletas, deficientes e interessados em começar a praticar alguma modalidade esportiva.
A criação de um laudo padrão
mais detalhado ajudará a minimizar problemas na atividade
física, segundo a cardiologista
Luciana de Matos, do Centro de
Reabilitação do Hospital Israelita Albert Einstein. Hoje, os
atestados são muito genéricos.
"Quem faz judô tem um treinamento totalmente diferente
de um corredor. O atestado para liberar não pode ser tão simplista: isso é um ato médico e
precisamos ser mais específicos", diz Matos.
"Ridículos" e falsos
As novas regras servirão de
referência para que médicos de
todo o país exerçam maior controle sobre as condições cardiovasculares de seus pacientes
que praticam esporte recreacional ou competitivo.
"Há atestados ridículos. Como o médico libera o paciente
"em geral'? Já vi outro que liberava o paciente para uma prática sem esforço. O que é isso?",
questiona o cardiologista Nabil
Ghorayeb, presidente do grupo
de estudos em cardiologia no
esporte da sociedade e editor
das diretrizes.
O modelo de atestado orientará o professor de educação física a lidar com o aluno. "Isso
ajudará a reduzir os atestados
falsos que são distribuídos por
aí", acrescenta Ghorayeb.
Com as diretrizes, pretende-se evitar acontecimentos como
a morte súbita -caso do jogador de futebol Frederico Pinheiro, 26, que morreu no sábado, de parada cardíaca, durante uma partida da série B do
Campeonato Carioca.
Médicos afirmam que exames prévios básicos (avaliação
clínica, eletrocardiograma e
exame de sangue) ajudam a
prever riscos no esporte. Mas
são poucos os atletas que se
submetem a eles.
Levantamento feito em 2009
pelo Instituto Dante Pazzanese
de Cardiologia mostrou que
65% dos 7.500 esportistas que
já passaram pelo departamento
de medicina esportiva da instituição nunca fizeram um exame cardiológico.
Por isso, os médicos deverão
indicar o eletrocardiograma
para todas as pessoas que praticam atividade regular de nível
moderado a intenso.
"O esporte por si só não mata.
Mas a doença de base, com a intensidade de exercício, pode
atuar como gatilho para desencadear o problema", explica
Luciana de Matos.
Pesquisas realizadas na Itália, onde esses exames são obrigatórios por lei, mostram que a
avaliação clínica e o eletro reduziram os casos de morte súbita em 89%, em comparação
ao período em que não eram
compulsórios.
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