São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2010

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Pandemia de gripe H1N1 chega ao fim

Organização Mundial de Saúde faz anúncio sob críticas de que exagerou no alarde e admite rever critérios de avaliação

Número de mortes ficou abaixo do esperado no mundo; especialista afirma que episódio foi educativo para o Brasil


DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE

A pandemia da gripe causada pelo vírus H1N1 acabou. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou ontem que a doença passa agora ao estágio de pós-pandemia.
Significa que o número de casos está em queda e boa parte da população mundial já tem imunidade, por ter sido contaminada pelo vírus ou por ter sido vacinada. O H1N1, diz a OMS, está se comportando como os demais vírus sazonais de gripe.
Em comunicado, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, afirmou que a pandemia teve um balanço de mortes (quase 19 mil no mundo) muito menor do que era esperado no ano passado.
"Desta vez, fomos ajudados por pura sorte. O vírus não sofreu mutação para uma forma mais letal. Não houve resistência generalizada ao oseltamivir [droga antiviral]. A vacina foi compatível com os vírus circulantes."
A menção à sorte pode ser interpretada como resposta aos questionamentos que surgiram durante o período de pandemia, iniciado em junho de 2009, de que a OMS pudesse estar exagerando no alarde contra a doença.
No começo, estimava-se que milhões pudessem morrer da gripe. Na Grã-Bretanha, onde a projeção era de 65 mil mortes, morreram 457 pessoas. Na Espanha, a gripe A matou 350 pessoas nos últimos 15 meses. Todo ano, gripes sazonais matam 8.000 espanhóis.
Chan admitiu que a OMS pode mudar os critérios que definem uma pandemia, revendo os níveis de alerta e a gravidade de cada um.

ETERNA VIGILÂNCIA
Mesmo com o número de casos em queda, a diretora da OMS afirmou que os países precisam continuar atentos para mutações que possam tornar obsoleta a imunização existente.
O coordenador do Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças, Angus Nicoll, afirmou que os países devem se preparar para novos tipos de vírus, que podem somar o H1N1, o H3N2 (outro tipo de gripe A) e outras variantes de influenza.
Chan, da OMS, lembrou que o vírus da gripe aviária, que matou 299 pessoas há sete anos, ainda está presente.

NO BRASIL
O diretor de vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, afirmou que o país está monitorando os vírus circulantes.
A vacinação continua para grávidas e crianças com menos de cinco anos. Pessoas dos demais grupos de risco vacinados na campanha encerrada em julho também podem procurar a imunização no serviço de saúde. "É recomendável verificar antes em que postos a vacina está disponível", diz Hage.
Na opinião do infectologista Esper Kallás, professor da faculdade de medicina da USP, a pandemia trouxe avanços na prevenção de doenças no Brasil, mesmo que tenha havido exagero.
Um exemplo são os testes de DNA para determinar com que tipo de vírus os doentes estão infectados, que continuam sendo feitos em casos graves da doença.
Ele destaca também as medidas de higiene adotadas pela população. "Antes, você se lembra de entrar em um prédio comercial e ter gel para limpar as mãos?"
Para o médico, a epidemia serviu para educar a população sobre o que é gripe.

Com agências internacionais



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