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Pandemia de gripe H1N1 chega ao fim
Organização Mundial de Saúde faz anúncio sob críticas de que exagerou no alarde e admite rever critérios de avaliação
Número de mortes ficou abaixo do esperado no mundo; especialista afirma que episódio foi educativo para o Brasil
DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
A pandemia da gripe causada pelo vírus H1N1 acabou.
A Organização Mundial da
Saúde (OMS) afirmou ontem
que a doença passa agora ao
estágio de pós-pandemia.
Significa que o número de
casos está em queda e boa
parte da população mundial
já tem imunidade, por ter sido contaminada pelo vírus
ou por ter sido vacinada. O
H1N1, diz a OMS, está se comportando como os demais vírus sazonais de gripe.
Em comunicado, a diretora-geral da OMS, Margaret
Chan, afirmou que a pandemia teve um balanço de mortes (quase 19 mil no mundo)
muito menor do que era esperado no ano passado.
"Desta vez, fomos ajudados por pura sorte. O vírus
não sofreu mutação para
uma forma mais letal. Não
houve resistência generalizada ao oseltamivir [droga antiviral]. A vacina foi compatível com os vírus circulantes."
A menção à sorte pode ser
interpretada como resposta
aos questionamentos que
surgiram durante o período
de pandemia, iniciado em junho de 2009, de que a OMS
pudesse estar exagerando no
alarde contra a doença.
No começo, estimava-se
que milhões pudessem morrer da gripe. Na Grã-Bretanha, onde a projeção era de
65 mil mortes, morreram 457
pessoas. Na Espanha, a gripe
A matou 350 pessoas nos últimos 15 meses. Todo ano,
gripes sazonais matam 8.000
espanhóis.
Chan admitiu que a OMS
pode mudar os critérios que
definem uma pandemia, revendo os níveis de alerta e a
gravidade de cada um.
ETERNA VIGILÂNCIA
Mesmo com o número de
casos em queda, a diretora
da OMS afirmou que os países precisam continuar atentos para mutações que possam tornar obsoleta a imunização existente.
O coordenador do Centro
Europeu de Controle e Prevenção de Doenças, Angus
Nicoll, afirmou que os países
devem se preparar para novos tipos de vírus, que podem somar o H1N1, o H3N2
(outro tipo de gripe A) e outras variantes de influenza.
Chan, da OMS, lembrou
que o vírus da gripe aviária,
que matou 299 pessoas há sete anos, ainda está presente.
NO BRASIL
O diretor de vigilância epidemiológica do Ministério da
Saúde, Eduardo Hage, afirmou que o país está monitorando os vírus circulantes.
A vacinação continua para
grávidas e crianças com menos de cinco anos. Pessoas
dos demais grupos de risco
vacinados na campanha encerrada em julho também podem procurar a imunização
no serviço de saúde. "É recomendável verificar antes em
que postos a vacina está disponível", diz Hage.
Na opinião do infectologista Esper Kallás, professor
da faculdade de medicina da
USP, a pandemia trouxe
avanços na prevenção de
doenças no Brasil, mesmo
que tenha havido exagero.
Um exemplo são os testes
de DNA para determinar com
que tipo de vírus os doentes
estão infectados, que continuam sendo feitos em casos
graves da doença.
Ele destaca também as medidas de higiene adotadas
pela população. "Antes, você
se lembra de entrar em um
prédio comercial e ter gel para limpar as mãos?"
Para o médico, a epidemia
serviu para educar a população sobre o que é gripe.
Com agências internacionais
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