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Urina pode indicar fase de câncer de próstata
Estudo encontra marcadores para tumor agressivo
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda não é o fim do exame
mais "temido" pelos homens
-o toque retal para detecção de
câncer de próstata. Mas a descoberta de que uma substância,
a sarcosina, está mais presente
na urina de homens com a
doença abre caminho para técnicas de diagnóstico "menos
invasivas", segundo os autores
do estudo, possibilitando criar
um exame para identificar o estágio de progressão do câncer.
Uma equipe de 26 pesquisadores liderados por Arul Chinnaiyan, da Universidade de Michigan, examinou em detalhe
os metabólitos (substâncias
produzidas pelo metabolismo)
que poderiam ser pistas de câncer de próstata.
Foram isolados 1.126 metabólitos presentes em 262
amostras (42 de tecido, 110 de
urina e 110 de sangue) e identificados 87 metabólitos cuja
presença e dose ajudavam a
distinguir a próstata sadia da
com tumor. Seis deles tinham
níveis maiores nos casos mais
graves, em que o câncer estava
na fase de metástase.
A sarcosina foi a que melhor
serviu para identificar os tumores, como está no artigo publicado na edição de hoje da revista "Nature". Os níveis de sarcosina eram elevados em 79% dos
casos de câncer com metástase
e em 42% dos casos da doença
em fase inicial. Ela não estava
presente nas amostras sadias.
"Um dos maiores desafios é
determinar se o câncer de próstata é agressivo. Exageramos
no tratamento porque os médicos não conseguem saber quais
tumores serão de crescimento
lento. Com essa pesquisa, nós
identificamos um potencial
marcador para tumores agressivos", declarou Chinnaiyan.
Um dos problemas da dificuldade de diagnóstico é o aumento de cirurgias desnecessárias.
A descoberta poderá permitir
que um simples teste de urina
ajude no diagnóstico mais preciso da doença e poderá auxiliar
na criação de uma terapia, pois
também se encontrou um vínculo entre a sarcosina e a agressividade do câncer.
Ao adicionar o metabólito a
uma cultura de células de próstata sadias, elas se tornaram
malignas e agressivamente invasivas. Foi possível reverter a
ação com enzimas que regulam
o metabolismo de sarcosina.
A pesquisa foi feita em cooperação com a empresa Metabolon, pioneira na aplicação de
uma nova área de pesquisa, a
"metabolômica". Essa área pretende conhecer em detalhe os
resultados químicos dos processos celulares.
No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer, o número de casos novos de câncer de
próstata em 2008 foi de 49.530.
O diagnóstico é feito pelo exame de toque retal e pela dosagem do antígeno prostático específico (conhecido pela sigla
em inglês, PSA).
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