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Nova diretriz liga esquistossomose e pressão pulmonar
Comum no Brasil, doença passa a ser considerada uma das cinco principais causas da hipertensão
DA REPORTAGEM LOCAL
A esquistossomose, doença
crônica causada pelo parasita
Schistosoma Mansoni e conhecida como barriga d'água, passou a ser considerada uma das
principais causas de hipertensão arterial pulmonar (aumento da pressão nos vasos do pulmão), que pode levar à morte.
A mudança está nas novas diretrizes sobre o diagnóstico da
hipertensão pulmonar, divulgadas no Congresso Europeu
de Cardiologia, em Barcelona.
"Isso muda totalmente o foco de atenção que foi dado à
doença nos últimos 15 anos",
afirma o pneumologista Rogério Souza, responsável pelo
grupo de hipertensão pulmonar do InCor (Instituto do Coração) e integrante da equipe
que elaborou as orientações.
Para o pneumologista Renato Maciel, coordenador da Comissão de Circulação Pulmonar da Sociedade Brasileira de
Pneumologia, o fato de as novas diretrizes realçarem o papel da esquistossomose na hipertensão arterial pulmonar
fará outros países perceberem
a importância da doença.
No mundo, a esquistossomose atinge cerca de 54 países,
sendo mais prevalente naqueles em desenvolvimento e com
condições precárias de saneamento. É mais comum na América Latina, Índia e China.
Segundo a OMS, cerca de
200 milhões de pessoas no
mundo têm esquistossomose
-6 milhões estão no Brasil.
Mas acredita-se que apenas 1%
tenha a forma grave da doença.
Estudo no InCor
Um dos estudos que embasaram a mudança na classificação
foi realizado pela equipe de
Souza no InCor. Eles realizaram ecocardiograma e cateterismo em 65 pacientes com a
forma mais grave da esquistossomose e descobriram que
4,6% deles já estavam com a hipertensão pulmonar instalada.
De acordo com Souza, uma
das hipóteses para explicar a
relação entre as duas doenças é
a "migração" do ovo do parasita
(que está no organismo humano) para as artérias pulmonares -o que poderia entupi-las e,
consequentemente, aumentar
a pressão sanguínea no local.
Outra explicação é que a esquistossomose causa uma reação imunológica e um processo
inflamatório no endotélio (camada mais interna dos vasos),
que passa a funcionar inadequadamente. Além disso, algumas células se proliferam demais, aumentando a espessura
da parede dos vasos e diminuindo a passagem de sangue.
Como não há cura, o tratamento é feito com medicamentos para dilatar o calibre das artérias pulmonares e diminuir o
processo inflamatório. Por isso,
as novas diretrizes reforçam a
necessidade de olhar com mais
cuidado para a esquistossomose e tentar tratá-la.
No entanto, de acordo com
Paulo Marcos Zech Coelho,
chefe do laboratório de esquistossomose da Fiocruz Minas,
com o tratamento em larga escala, poucos indivíduos têm a
forma grave da doença.
(FERNANDA BASSETTE e GABRIELA CUPANI)
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