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Em 4 anos, venda de antidepressivos cresce mais de 40%
De 2003 a 2007, comercialização do medicamento foi de 17
para 24 milhões de unidades, segundo pesquisa da Anvisa
Prescrição do remédio por
médicos de outras áreas e
uso em casos em que não há
diagnóstico de depressão
ajudam a explicar aumento
ANGELA PINHO
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A venda de antidepressivos
em farmácias e drogarias do
Brasil cresceu 42% de 2003 a
2007, mostra levantamento da
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) com base
em dados do IMS Health, instituto que faz auditoria do mercado farmacêutico.
Há cinco anos, chegavam a
ser comercializados 17 milhões
de unidades -gotas, cartela de
comprimidos, cápsulas etc. Em
2007, foram 24 milhões. E o
número de 2008 tende a ser
maior -os registros de janeiro
a julho somam 15 milhões.
O "boom" nas vendas pode
ser explicado principalmente
por dois fatores, dizem especialistas. Um deles é que médicos
de outras áreas têm ampliado a
prescrição dos medicamentos.
Além disso, cresceu o uso de
antidepressivos por pessoas
sem diagnóstico de depressão
-em casos em que o paciente
passa por uma fase difícil, como
a perda de um parente ou a separação do cônjuge.
O psiquiatra Raphael Boechat, doutor pela UnB (Universidade de Brasília), diz que urologistas e ginecologistas, entre
outros especialistas, vêm prescrevendo antidepressivos -para jovens com ejaculação precoce ou mulheres na menopausa, por exemplo.
Ele avalia que há também
prescrição "exagerada", em casos em que os antidepressivos
não são necessários. "Na ciência, só são publicados resultados positivos sobre eles. Isso
traz a falsa impressão de que
eles seriam muito eficazes."
O psiquiatra Marco Antonio
Brasil, chefe do serviço de psiquiatria e psicologia médica da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), reforça as
críticas. "As pessoas acham que
o remédio resolverá seus infortúnios. E os médicos cedem."
Andrea Feijó de Mello, da Associação Brasileira de Psiquiatria, concorda com a crítica,
mas diz que, em casos de depressão, os remédios são, muitas vezes, essenciais. "Depressão não passa sozinha. Tem que
medicar quando necessário."
A depressão atinge de 10% a
12% dos brasileiros. A incidência em mulheres é duas vezes
maior do que em homens.
Segundo a Anvisa, há 130 tipos de antidepressivo, que só
podem ser vendidos com receita médica. O princípio ativo
mais vendido é a fluoxetina
-como o Prozac-, que representa 13% do mercado desses
remédios. A substância altera
os níveis de serotonina, influenciando o humor.
Luciano Finardi, diretor de
marketing da Lilly, laboratório
que lançou o Prozac, diz não ver
um aumento expressivo das
vendas. Ele concorda que, hoje,
outros especialistas receitam o
remédio, mas diz que o maior
uso é ainda para a depressão.
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