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Novo método de dieta contesta tabela de calorias
Vigilantes do Peso anunciam "revolução" no seu sistema de emagrecimento
Agora, alimentos ganham valores conforme seu conteúdo de fibras e proteínas; médico critica mudança
DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
Tabela de calorias e calculadora são suficientes para
planejar uma dieta? Não, de
acordo com o novo método
divulgado pelos Vigilantes
do Peso na Inglaterra.
Ou, ao menos, é preciso
mudar a maneira de contabilizar cada tipo de alimento.
A conta, agora, tem que incluir também a quantidade
de energia que o corpo gasta
para digerir cada alimento.
Isso, segundo a organização,
que derrama seu sistema de
emagrecimento por 30 países, Brasil incluído.
A carne demanda mais
energia na digestão do que
uma fatia de bolo. Uma caloria de carne engordaria menos do que uma de bolo.
"A contagem considera
agora proteínas, carboidratos, fibras e gorduras. O corpo gasta mais energia para
digerir fibras e proteínas",
diz Rodrigo Strickland Faro,
diretor da Vigilantes do Peso
no Brasil.
Faz sentido. Mas é difícil
saber quanta energia é gasta
por cada pessoa no processo
de digestão de diferentes alimentos, pondera a nutricionista Fernanda Pisciolaro, da
Abeso (Associação Brasileira
para o Estudo da Obesidade e
da Síndrome Metabólica).
"O que sabemos é que há
uma porcentagem diferente
de absorção dos nutrientes."
Gorduras e carboidratos têm
taxa maior de absorção do
que as proteínas. "Isso tem a
ver com o índice glicêmico."
Alimentos com maior índice glicêmico aumentam mais
rápido a taxa de açúcar no
sangue e dão uma menor
sensação de saciedade.
O preparo também pode
mudar a proporção de nutrientes absorvidos. "Quando a gente refoga o arroz, isso
dificulta a absorção do amido. Se o arroz for consumido
com salada e carne, a absorção também é mais difícil."
O diretor da Vigilantes do
Peso diz que a mudança estimula escolhas saudáveis.
"Nosso programa vai indicar,
entre dois alimentos com
cem calorias, qual é melhor."
NA PONTA DO LÁPIS
O endocrinologista Alfredo Halpern, chefe do grupo
de obesidade do HC de São
Paulo, não acredita que essas
variáveis façam diferença.
"Por mais que haja protestos contra, o que vale é o número de calorias. Você pode
comer "junk food" se quiser.
Se o número de calorias for
menor do que o que você gasta, vai perder peso."
Um experimento conduzido pelo professor de nutrição
americano Mark Haub é um
exemplo de que dá para emagrecer só na base do cálculo.
Ele restringiu sua dieta,
por dois meses, a 1.800 calorias diárias, mas a maior parte delas vinha de bolachas recheadas e bolos. Haub perdeu 13 quilos e ainda reduziu
níveis de colesterol ruim.
Ele contou, em reportagem da "CNN", que já havia
tentado, sem conseguir,
emagrecer priorizando frutas
e fibras. Com a "dieta da besteira", atingiu o objetivo.
Para Pisciolaro, a dieta do
professor é um mau exemplo. "Do que adianta emagrecer comendo porcaria?", diz.
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