São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Com ovário inteiro recebido da irmã, mulher tem bebê saudável

É o 1º transplante do órgão completo que resulta no parto de criança viva

DA REDAÇÃO

Médicos de St. Louis, nos EUA, anunciaram ontem que transplantaram com sucesso um ovário inteiro de uma mulher para sua irmã gêmea, que deu à luz uma menina saudável no dia 11 de novembro.
De acordo com os pesquisadores, trata-se do primeiro caso de transplante de ovário inteiro a resultar no parto de uma criança viva. O procedimento foi anunciado no "New England Journal of Medicine".
As duas pacientes são gêmeas idênticas e têm 38 anos. Uma delas tinha a função ovariana normal e dois filhos, enquanto a outra entrou em raro processo de menopausa precoce a partir dos 15 anos de idade.
Já haviam sido feitos transplantes de parte do órgão -descobriu-se que o tecido ovariano congelado pode restaurar a fertilidade. Apesar de seis bebês terem nascido com a ajuda dessa técnica, aproximadamente 2/3 dos óvulos morreram por falta de irrigação sangüínea no tecido, e as mulheres rapidamente entravam na menopausa depois de cerca de três anos.
Para evitar esse problema, a equipe médica de St. Louis utilizou um ovário inteiro e reconectou vasos sangüíneos para alimentar o órgão -procedimento difícil, já que estes são extremamente finos.
Eles defendem que a técnica poderia beneficiar pacientes jovens com câncer que estão prestes a perder a função ovariana com a quimioterapia ou mulheres que querem adiar a gravidez para após os 40 anos. A solução seria retirar o ovário, congelá-lo e transplantá-lo de volta mais tarde.
Para Alfonso Massaguer, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana da clínica Huntington, trata-se de uma evolução na área, mas a técnica é experimental e deve ser usada como último recurso.
"O transplante de ovário teria indicação extremamente restrita, pois a doação e o congelamento de óvulos fariam esse papel de forma mais segura", acredita.
Ele diz que, no caso de irmãs gêmeas univitelinas, que possuem a mesma carga genética, o transplante é mais bem aceito, com risco menor de rejeição.
"Se não fossem gêmeas, as chances de sucesso seriam muitíssimo remotas. Seria necessário usar drogas imunossupressoras, o que não se justifica nesse caso", afirma.

Com agências internacionais



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