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Zumbido incomoda menos com uso de música, diz estudo
Pacientes que se submeteram a musicoterapia específica tiveram diminuição do ruído após um ano de intervenção
No Brasil, pesquisadora da USP deve começar a testar a técnica ainda neste semestre com aparelho desenvolvido na Austrália
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo alemão divulgado
na revista "PNAS" mostrou que
a musicoterapia reduz o incômodo de pacientes com zumbido -problema que atinge cerca
de 17% da população em geral e
30% dos idosos. Para o trabalho, os pesquisadores adaptaram a música favorita do paciente, removendo do som as
notas correspondentes à frequência do ruído.
Foram avaliados 39 pacientes durante um ano, divididos
em grupo controle e grupo de
intervenção, que ouvia a música escolhida por cerca de 12 horas semanais. Os voluntários
apresentavam zumbido por
cinco anos em média e nenhum
outro problema auditivo. Após
o período, os pacientes que ouviram a música adaptada relataram redução no volume do
ruído e na atividade do córtex
auditivo (área do cérebro relacionada à audição) que é associada ao zumbido.
"Há algumas opções de tratamento importadas que filtram
frequências das músicas para
tratar diversos problemas e
zumbido também. Uma das hipóteses é que há alterações de
determinadas áreas do córtex
auditivo e também redução de
problemas de sono, depressão e
estresse. A pessoa acaba se
acalmando e, quando o zumbido tem relação com esses problemas, pode haver diminuição
do incômodo", diz a fonoaudióloga Katya Freire, que estudou
música e audição para seu doutorado na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
No Brasil, o primeiro aparelho para tratar o problema com
musicoterapia deve ser testado
ainda neste semestre, sob coordenação da otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, chefe
do grupo de pesquisa em zumbido da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo.
O aparelho foi desenvolvido
na Austrália em 2004 e já é usado rotineiramente nos EUA.
Ele também ajusta a música
conforme a frequência do zumbido do paciente. "O produto se
propõe oferecer a música com
espectro personalizado, com
fone de ouvido que tem volume
diferente para cada orelha, porque muitas vezes a perda de audição é diferente nos dois ouvidos", explica Sanchez.
Pessoas que sofrem de zumbido podem ter a área do cérebro relacionada à audição em
constante estado de alerta -e,
por isso, ficam o tempo todo
ouvindo o ruído. "A música tem
a capacidade de fazer o cérebro
perder esse estado e adquirir a
capacidade de ignorar estímulos repetidos e baixos", diz.
A terapia de retreinamento
do zumbido, uma das técnicas
mais usadas para tratar o problema, tem como um dos princípios o chamado enriquecimento sonoro -quando o paciente escuta um som em volume mais baixo do que o zumbido para aprender a lidar com o
ruído. Nesse caso, o som pode
ser de algum elemento da natureza (como de cachoeira) ou alguma música suave, que não
chame muito a atenção do paciente. "Mas não dá para chamar esse tratamento de musicoterapia", enfatiza Sanchez.
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