São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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Massa óssea é maior nas crianças brancas do que nas negras

Fatores ambientais, e não genéticos, respondem pela diferença encontrada entre brancos e negros

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa feita na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que, ao contrário do que sugerem outros dados de literatura médica, as crianças brancas apresentam maior massa óssea do que as negras. Os autores avaliaram 1.356 estudantes com idade entre seis e 11 anos.
O estudo foi feito em duas cidades do oeste paranaense com características de ocupação diferentes: Céu Azul, onde houve forte imigração de descendentes de alemães e italianos, e Vera Cruz do Oeste, que recebeu mais negros e descendentes de escravos. As duas populações têm pouca miscigenação, o que permitiu avaliar aspectos socioeconômicos e raciais.

Qualidade e quantidade
Para chegar aos resultados, os pesquisadores usaram exames de ultrassonografia das falanges, técnica relativamente recente, além de avaliar dados como peso, estatura e índice de massa corporal das crianças.
"Esse método avalia quantidade e qualidade da massa óssea", diz o professor de educação física Roberto Régis Ribeiro, autor do estudo. Segundo ele, os resultados vão ajudar a construir curvas de normalidade de crescimento ósseo mais compatíveis com a realidade brasileira -atualmente as curvas usadas como referência são as europeias.
Segundo Ribeiro, as diferenças encontradas entre crianças negras e brancas se devem provavelmente a fatores ambientais, e não genéticos. "O nível socioeconômico foi mais baixo nas famílias negras, o que pode levar à falta de alimentação adequada", diz.
Em comparação com as crianças europeias, a quantidade de massa óssea das brasileiras foi inferior à das polonesas e similar à das italianas.
Esse tipo de estudo é uma forma de monitorar o crescimento e o estado nutricional das crianças, diz o autor. Com os resultados, é possível detectar a ausência de nutrientes essenciais e combater o surgimento da osteoporose.
"A partir dos valores de referência, é possível implantar medidas de prevenção, como alimentação adequada e atividade física, para que a pessoa atinja todo o seu potencial de massa óssea", diz ele. A prevenção da osteoporose depende da massa óssea adquirida na infância e na juventude.
(GABRIELA CUPANI)



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