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Massa óssea é maior nas crianças brancas do que nas negras
Fatores ambientais, e não genéticos, respondem pela diferença encontrada entre brancos e negros
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa feita na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que, ao
contrário do que sugerem outros dados de literatura médica,
as crianças brancas apresentam maior massa óssea do que
as negras. Os autores avaliaram
1.356 estudantes com idade entre seis e 11 anos.
O estudo foi feito em duas cidades do oeste paranaense com
características de ocupação diferentes: Céu Azul, onde houve
forte imigração de descendentes de alemães e italianos, e Vera Cruz do Oeste, que recebeu
mais negros e descendentes de
escravos. As duas populações
têm pouca miscigenação, o que
permitiu avaliar aspectos socioeconômicos e raciais.
Qualidade e quantidade
Para chegar aos resultados,
os pesquisadores usaram exames de ultrassonografia das falanges, técnica relativamente
recente, além de avaliar dados
como peso, estatura e índice de
massa corporal das crianças.
"Esse método avalia quantidade e qualidade da massa óssea", diz o professor de educação física Roberto Régis Ribeiro, autor do estudo. Segundo
ele, os resultados vão ajudar a
construir curvas de normalidade de crescimento ósseo mais
compatíveis com a realidade
brasileira -atualmente as curvas usadas como referência são
as europeias.
Segundo Ribeiro, as diferenças encontradas entre crianças
negras e brancas se devem provavelmente a fatores ambientais, e não genéticos. "O nível
socioeconômico foi mais baixo
nas famílias negras, o que pode
levar à falta de alimentação
adequada", diz.
Em comparação com as
crianças europeias, a quantidade de massa óssea das brasileiras foi inferior à das polonesas e
similar à das italianas.
Esse tipo de estudo é uma
forma de monitorar o crescimento e o estado nutricional
das crianças, diz o autor. Com
os resultados, é possível detectar a ausência de nutrientes essenciais e combater o surgimento da osteoporose.
"A partir dos valores de referência, é possível implantar
medidas de prevenção, como
alimentação adequada e atividade física, para que a pessoa
atinja todo o seu potencial de
massa óssea", diz ele. A prevenção da osteoporose depende da
massa óssea adquirida na infância e na juventude.
(GABRIELA CUPANI)
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