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Estresse diminui as chances de gravidez
É a primeira vez que uma pesquisa mostra a relação entre altas taxas de adrenalina e dificuldade para engravidar
Para pesquisadora de Oxford, técnicas de relaxamento podem ajudar os casais que tentam a concepção
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
"Relaxa que você engravida". O comentário que já parte do senso comum- e irrita
muitas mulheres- começa a
encontrar amparo na ciência.
Estudo da Universidade de
Oxford com o Instituto Nacional de Saúde dos EUA mostra
que as mais estressadas têm
menos chances de gravidez.
Especialistas já sabem que
idade, hábito de fumar, obesidade e consumo de álcool
interferem nas chances de
gravidez, mas a influência do
estresse é controversa.
Os pesquisadores de Oxford usaram dois marcadores
biológicos para medir o estresse: o cortisol e a alfa-amilase, proteína que indica as
taxas de adrenalina.
O cortisol está associado
ao estresse crônico, e a adrenalina é liberada pelo organismo quando a pessoa está,
ou julga estar, em situações
ameaçadoras ou perigosas.
Mulheres com níveis mais
elevados de adrenalina tiveram 12% menos chances de
engravidar na fase fértil do
que aquelas com níveis mais
baixos desse hormônio. Participaram 274 mulheres entre
18 e 40 anos, que tentavam
uma gravidez natural.
Elas fizeram um registro
diário de sua menstruação,
estilo de vida e frequência sexual. No sexto dia do ciclo
menstrual, coletaram uma
amostra de saliva com um cotonete para análise dos níveis de cortisol e adrenalina.
Segundo a médica Celia
Pyper, pesquisadora da Universidade de Oxford que liderou o estudo, apenas os níveis de adrenalina foram relacionados a menores chances de gravidez -os de cortisol não tiveram efeito.
"Nossa hipótese era que as
chances reduzidas de concepção estivessem relacionadas às mulheres cronicamente estressadas, mas não foi isso que encontramos", disse.
O estudo tem limitações
metodológicas: não foi controlado e reuniu várias idades em um grupo, o que pode
influenciar nos resultados.
Pyper exemplifica uma situação que aumenta os níveis de adrenalina. "Tentar
equilibrar um monte de coisas e trabalhar com prazos
apertados." Para a pesquisadora, técnicas de relaxamento talvez ajudem alguns casais, mas são necessárias
mais pesquisas sobre isso.
Para o ginecologista Jonathas Borges Soares, especialista em reprodução humana, o estresse pode dificultar
a gravidez, mas é difícil ligá-lo à infertilidade por falta de
evidência científica. "Por
mais que existam marcadores biológicos, é difícil quantificar isso."
PINK FLOYD
Soares orienta as pacientes estressadas a buscar ajuda, sobretudo em casos de reprodução assistida. "Mais da
metade dos casais não terão
sucesso. Suporte psicológico
ajuda a enfrentar."
A psicóloga Helena Lima,
doutora em saúde pública
pela USP, sugere que a mulher crie estratégias antiestresse. "É preciso se apoiar
nos fatores protetores. Em
uma rede social, na religião,
na meditação e até nas músicas do Pink Floyd, se isso deixá-la fortalecida."
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