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31% dos lares brasileiros têm morador com doença crônica
Pesquisa Datafolha mostra que a maioria das pessoas vai ao médico regularmente
Ideia é conhecer a dimensão do problema para que sejam elaboradas estratégias de prevenção mais eficazes; Nordeste lidera ranking
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um em cada três domicílios
brasileiros tem ao menos um
morador com doença crônica.
Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Datafolha
para uma empresa farmacêutica, entre 18 e 22 de agosto.
É chamada crônica a doença
que interfere no estado do paciente por período prolongado.
Muitas, como o diabetes e a hipertensão, podem ser controladas, mas não curadas. Não tratadas, podem levar à incapacitação e à morte precoce.
O envelhecimento da população é um dos principais fatores para o aumento de doenças
crônicas no mundo todo, segundo a pesquisadora Maria
Lúcia Lebrão, da Faculdade de
Saúde Pública da USP.
Lebrão diz que há pesquisas
apontando que 82% dos moradores da cidade de São Paulo
com mais de 66 anos têm ao
menos uma dessas doenças. A
mais comum é a hipertensão.
Em termos da população em
geral, considerando todas as
faixas etárias, 30% é um número bem alto, na avaliação de Lebrão. "É preciso uma série de
medidas para permitir que essa
população controle a doença e
para garantir a sua qualidade de
vida. E isso não é só distribuir
medicamentos. Uma das maiores dificuldades para o controle
da doença crônica é garantir a
aderência ao tratamento."
O aumento da expectativa de
vida pode dificultar ainda mais
a situação. "Conseguimos jogar
a mortalidade para frente. Agora, o nó da questão é saber se as
pessoas vão começar a apresentar a doença crônica na mesma
idade ou mais tarde. Se continuarem a ficar doentes na mesma idade e viverem por mais
tempo, teremos que cuidar delas por um período mais prolongado, e o impacto disso na
saúde pública é enorme."
Na pesquisa feita pelo Datafolha, a maioria dos pacientes
crônicos vai ao médico regularmente e toma medicamentos
-quase metade (49%) adquire
os remédios gratuitamente. A
margem de erro da pesquisa é
de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Stephen Stefani, do comitê
latino-americano da Sociedade
Internacional de Farmacoeconomia e Estudos de Desfechos,
que ajudou a elaborar as perguntas da pesquisa, diz que a
ideia é quantificar o problema,
para a elaboração de estratégias de prevenção e controle
mais eficazes -tanto para o paciente quanto para o sistema de
saúde- além de mapear a ocorrência dessas doenças no país.
A menor prevalência de
doenças crônicas foi observada
na região Norte (23%), e a
maior, no Nordeste (36%).
O percentual de domicílios
com doentes crônicos, 31%,
corresponde grosso modo aos
números observados nos países
desenvolvidos ocidentais, segundo Stefani. "Mas, embora
não tenhamos esse dado na
pesquisa, acredito que em vários países desenvolvidos o manejo desses pacientes seja melhor, garantindo uma melhor
qualidade de vida", diz ele.
O professor de clínica médica
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Olzon ressalta que a melhor estratégia para manejar a doença
crônica é a prevenção primária
(com alimentação saudável e
prática regular de exercícios,
por exemplo). "Se você muda os
hábitos de vida, a tendência é
que os casos dessas doenças diminuam, se desenvolvam mais
tardiamente e apresentem menos doenças associadas", diz.
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