São Paulo, terça-feira, 13 de outubro de 2009

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31% dos lares brasileiros têm morador com doença crônica

Pesquisa Datafolha mostra que a maioria das pessoas vai ao médico regularmente

Ideia é conhecer a dimensão do problema para que sejam elaboradas estratégias de prevenção mais eficazes; Nordeste lidera ranking

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um em cada três domicílios brasileiros tem ao menos um morador com doença crônica. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pelo Datafolha para uma empresa farmacêutica, entre 18 e 22 de agosto.
É chamada crônica a doença que interfere no estado do paciente por período prolongado. Muitas, como o diabetes e a hipertensão, podem ser controladas, mas não curadas. Não tratadas, podem levar à incapacitação e à morte precoce.
O envelhecimento da população é um dos principais fatores para o aumento de doenças crônicas no mundo todo, segundo a pesquisadora Maria Lúcia Lebrão, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Lebrão diz que há pesquisas apontando que 82% dos moradores da cidade de São Paulo com mais de 66 anos têm ao menos uma dessas doenças. A mais comum é a hipertensão.
Em termos da população em geral, considerando todas as faixas etárias, 30% é um número bem alto, na avaliação de Lebrão. "É preciso uma série de medidas para permitir que essa população controle a doença e para garantir a sua qualidade de vida. E isso não é só distribuir medicamentos. Uma das maiores dificuldades para o controle da doença crônica é garantir a aderência ao tratamento."
O aumento da expectativa de vida pode dificultar ainda mais a situação. "Conseguimos jogar a mortalidade para frente. Agora, o nó da questão é saber se as pessoas vão começar a apresentar a doença crônica na mesma idade ou mais tarde. Se continuarem a ficar doentes na mesma idade e viverem por mais tempo, teremos que cuidar delas por um período mais prolongado, e o impacto disso na saúde pública é enorme."
Na pesquisa feita pelo Datafolha, a maioria dos pacientes crônicos vai ao médico regularmente e toma medicamentos -quase metade (49%) adquire os remédios gratuitamente. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Stephen Stefani, do comitê latino-americano da Sociedade Internacional de Farmacoeconomia e Estudos de Desfechos, que ajudou a elaborar as perguntas da pesquisa, diz que a ideia é quantificar o problema, para a elaboração de estratégias de prevenção e controle mais eficazes -tanto para o paciente quanto para o sistema de saúde- além de mapear a ocorrência dessas doenças no país.
A menor prevalência de doenças crônicas foi observada na região Norte (23%), e a maior, no Nordeste (36%).
O percentual de domicílios com doentes crônicos, 31%, corresponde grosso modo aos números observados nos países desenvolvidos ocidentais, segundo Stefani. "Mas, embora não tenhamos esse dado na pesquisa, acredito que em vários países desenvolvidos o manejo desses pacientes seja melhor, garantindo uma melhor qualidade de vida", diz ele.
O professor de clínica médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Olzon ressalta que a melhor estratégia para manejar a doença crônica é a prevenção primária (com alimentação saudável e prática regular de exercícios, por exemplo). "Se você muda os hábitos de vida, a tendência é que os casos dessas doenças diminuam, se desenvolvam mais tardiamente e apresentem menos doenças associadas", diz.


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