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Governo lista plantas que poderão virar fitoterápicos
São 71 espécies, que servirão de base para o desenvolvimento de remédios
Relação inclui plantas que já são usadas pela população com fins terapêuticos; hoje SUS disponibiliza apenas dois remédios fitoterápicos
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
O Ministério da Saúde divulgou uma lista com 71 plantas
medicinais que poderão ser
usadas como medicamentos fitoterápicos pelo SUS (Sistema
Único de Saúde).
A ideia é que a relação sirva
de base para uma ampliação do
número de fitoterápicos que
hoje são financiados com verba
federal. Atualmente, só dois,
feitos à base de guaco (para tosse) e espinheira-santa (para úlcera e gastrite), são bancados
pela pasta. A previsão é chegar a
oito até o final do ano.
De acordo com o governo, a
relação inclui plantas nativas
que já são tradicionalmente
usadas pela população com fins
terapêuticos e que poderão ser
cultivadas em pelo menos uma
macrorregião do país.
Foram selecionadas plantas
com potencial para serem utilizadas no combate a inflamações, hipertensão, infecções na
garganta, úlceras, aftas, vermes, diarreia, osteoporose, sintomas da menopausa e do diabetes, entre outros problemas
de saúde.
Entre elas, estão produtos
como babosa, usada no combate à caspa e à calvície, camomila
(para dermatites), alho (anti-
inflamatório), caju (cicatrizante), abacaxi (para secreções),
carqueja (para problemas estomacais), pitanga (para diarreia)
e soja (para sintomas da menopausa e da osteoporose).
Pesquisas
"A lista vem para orientar estudos e pesquisas", afirma José
Miguel do Nascimento Júnior,
diretor do Departamento de
Assistência Farmacêutica da
pasta. "É preciso que a academia nos retorne que essas plantas poderão gerar produtos e
ser agregadas no âmbito do sistema de saúde."
Entre os aspectos que têm
que estar definidos antes da inclusão dos produtos na lista de
compras do ministério estão a
parte das plantas que deve ser
utilizada para a obtenção do
medicamento (caule, folha, semente, fruto etc.) e o estabelecimento dos parâmetros de toxicidade, já que, como qualquer
produto alopático, os fitoterápicos também apresentam
efeitos colaterais.
Comprovada a eficácia e a segurança das substâncias, o governo poderá bancar medicamentos produzidos na indústria ou plantas in natura para
serem distribuídas pelas secretarias de Saúde.
Em Cuiabá, já existe um programa municipal que utiliza 20
plantas e orienta os moradores
a fazerem hortas em casa.
Segundo Isanete Bieski, supervisora do Programa Municipal de Plantas Medicinais e Fitoterapia, da Secretaria da Saúde de Cuiabá, parte das plantas
que constam da lista já é cultivada em quintais e utilizada rotineiramente pela população.
"O número de plantas da relação nacional não é suficiente,
mas viabilizará o começo do desenvolvimento de várias atividades em programas já existentes", afirma a supervisora.
Prefeituras
Nos últimos dois anos, o número de prefeituras que disponibilizam medicamentos fitoterápicos pelo SUS subiu de 116
para 350, chegando a 6,3% dos
municípios em 2008.
O governo, que anunciou em
dezembro a aprovação de um
programa nacional de plantas
medicinais e fitoterápicos, estuda a criação de uma linha especial de financiamento para as
pesquisas relacionadas às 71
plantas. Outra ideia é que haja
um incentivo para que o plantio seja feito por meio da agricultura familiar.
Veja a lista completa das
plantas medicinais
www.folha.com.br/090442
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