São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Casos de Aids triplicam entre mulheres acima de 50

Campanha enfoca uso de camisinha por mais velhos

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

O número de mulheres com mais de 50 anos infectadas pelo vírus da Aids triplicou em dez anos no Brasil. Em 1996, havia 3,7 casos para cada 100 mil habitantes; em 2006, a proporção chegou a 11,6 por 100 mil.
Entre todas as faixas etárias, foi nessa que a doença mais cresceu ao longo do período: 213,5%. O segundo maior crescimento, de 76%, foi registrado entre homens com mais de 50. Uma pesquisa inédita do Ministério da Saúde indica que 72% das mulheres com mais de 50 não usam preservativo nem nas relações casuais.
Para reverter esse quadro, o ministério elegeu as mulheres com mais de 50 como alvo da campanha de prevenção da Aids lançada neste Carnaval. Por meio de anúncios na TV e no rádio, outdoors, panfletos etc., o governo divulgará o Bloco da Mulher Madura, cujo slogan é: "Sexo não tem idade para acabar; proteção também não".
"A pesquisa indica que essas mulheres sabem como a Aids é transmitida, mas não usam camisinha porque se consideram imunes à doença e nunca tiveram o hábito", disse Mariângela Simão, diretora do programa nacional de DST/Aids. "Elas também reclamam que têm menos lubrificação vaginal e que isso prejudica a relação, especialmente com camisinha. Mas basta usar lubrificante."
Assim como os preservativos, o gel lubrificante também é distribuído gratuitamente.
"A pesquisa mostra que o homem é quem decide se usa camisinha ou não. A mulher deve perder a vergonha de exigir proteção", disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Sexo com o marido
Simão ressaltou que as mulheres também costumam achar que, por se relacionarem só com o marido, não correm risco de contrair a doença, o que não é verdadeiro.
A advogada Beatriz Pacheco, 60, é um exemplo. O segundo marido dela, vítima de cirrose hepática, fez várias transfusões de sangue antes de morrer, em 1992. Ela se casou de novo em 1995 e, um ano depois, começou a ter doenças de pele. Em março de 1997, ela descobriu que estava com Aids.
Embora não usasse camisinha com o então marido, ele não contraiu o vírus. "Tive medo de ser abandonada, mas ele disse que aprenderíamos a usar camisinha. Na farmácia, as pessoas riam ao ver a gente escolhendo camisinha", conta ela, cujo marido morreu de câncer.
Segundo Jean Gorinchteyn, coordenador do ambulatório de Aids em idosos do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, de São Paulo, os idosos costumam ter resultados melhores do que os jovens no tratamento, pois o seguem à risca.
O Brasil registrou, até junho de 2008, 506.499 casos de Aids. O governo estima que outras 250 mil pessoas tenham o vírus e não saibam. A maior incidência é entre homens e mulheres de 25 a 39 anos -são 41,3 registros a cada 100 mil habitantes.


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