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Casos de Aids triplicam entre mulheres acima de 50
Campanha enfoca uso de camisinha por mais velhos
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
O número de mulheres com
mais de 50 anos infectadas pelo
vírus da Aids triplicou em dez
anos no Brasil. Em 1996, havia
3,7 casos para cada 100 mil habitantes; em 2006, a proporção
chegou a 11,6 por 100 mil.
Entre todas as faixas etárias,
foi nessa que a doença mais
cresceu ao longo do período:
213,5%. O segundo maior crescimento, de 76%, foi registrado
entre homens com mais de 50.
Uma pesquisa inédita do Ministério da Saúde indica que
72% das mulheres com mais de
50 não usam preservativo nem
nas relações casuais.
Para reverter esse quadro, o
ministério elegeu as mulheres
com mais de 50 como alvo da
campanha de prevenção da
Aids lançada neste Carnaval.
Por meio de anúncios na TV e
no rádio, outdoors, panfletos
etc., o governo divulgará o Bloco da Mulher Madura, cujo slogan é: "Sexo não tem idade para
acabar; proteção também não".
"A pesquisa indica que essas
mulheres sabem como a Aids é
transmitida, mas não usam camisinha porque se consideram
imunes à doença e nunca tiveram o hábito", disse Mariângela Simão, diretora do programa
nacional de DST/Aids. "Elas
também reclamam que têm
menos lubrificação vaginal e
que isso prejudica a relação, especialmente com camisinha.
Mas basta usar lubrificante."
Assim como os preservativos, o gel lubrificante também é
distribuído gratuitamente.
"A pesquisa mostra que o homem é quem decide se usa camisinha ou não. A mulher deve
perder a vergonha de exigir
proteção", disse o ministro da
Saúde, José Gomes Temporão.
Sexo com o marido
Simão ressaltou que as mulheres também costumam
achar que, por se relacionarem
só com o marido, não correm
risco de contrair a doença, o
que não é verdadeiro.
A advogada Beatriz Pacheco,
60, é um exemplo. O segundo
marido dela, vítima de cirrose
hepática, fez várias transfusões
de sangue antes de morrer, em
1992. Ela se casou de novo em
1995 e, um ano depois, começou a ter doenças de pele. Em
março de 1997, ela descobriu
que estava com Aids.
Embora não usasse camisinha com o então marido, ele
não contraiu o vírus. "Tive medo de ser abandonada, mas ele
disse que aprenderíamos a usar
camisinha. Na farmácia, as pessoas riam ao ver a gente escolhendo camisinha", conta ela,
cujo marido morreu de câncer.
Segundo Jean Gorinchteyn,
coordenador do ambulatório
de Aids em idosos do Instituto
de Infectologia Emílio Ribas,
de São Paulo, os idosos costumam ter resultados melhores
do que os jovens no tratamento, pois o seguem à risca.
O Brasil registrou, até junho
de 2008, 506.499 casos de Aids.
O governo estima que outras
250 mil pessoas tenham o vírus
e não saibam. A maior incidência é entre homens e mulheres
de 25 a 39 anos -são 41,3 registros a cada 100 mil habitantes.
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